Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/USP) mostram que o preço do leite captado em junho e pago ao produtor em julho chegou a R$ 2,31 litro. As altas foram de 5% na comparação com o mês anterior e de 21,8% frente ao mesmo período do ano passado.

Segundo o Cepea,  a elevação dos preços não reflete aumento de rentabilidade dos produtores – mas, sim, pressão de custos. Para os analistas, basta comparar o poder de compra do pecuarista leiteiro frente ao milho, insumo básico da atividade.

Para comprar uma saca de 60 kg milho, entre janeiro e junho de 2020, eram necessários 44,67 litros de leite. No mesmo período em 2020, eram necessários 35,20 litros. A perda do poder de compra foi de 26,9%

Apesar dos altos custos de produção e do clima desfavorável, é provável que o leite não suba de preço [ao consumidor]. De acordo com os analistas do Cepea, isso acontece porque os preços já estão tão altos, que um aumento agora faria com que menos consumidores pudessem adquirir leite e seus derivados – isso devido ao baixo poder de compra dos brasileiros.

A situação é tão crítica, que dados da pesquisa diária do Cepea mostram que houve recuo de preço da muçarela (2,8%), do leite UTH (esterilizado) (1,5%) e do leite em pó (0,8%) entre o período entre os meses de junho e julho. Um fato bom para os consumidores, mas ruim para os pequenos produtores, que acabam recebendo menos pelo litro de leite apesar dos custos mais altos.