A produção de leite nos EUA cresceu 3,3% em junho e pressiona os contratos futuros, que podem cair mais US$1 se o suporte técnico for rompido.
O preço do leite Classe III nos Estados Unidos — referência importante para mercados globais e termômetro da indústria queijeira — desabou quase US$3 nas últimas sete semanas. Após alcançar picos próximos de US$20 no final de maio, os contratos futuros para agosto recuaram para a faixa dos US$17.
E, segundo analistas de mercado, o piso pode ceder ainda mais.
O motivo principal é o aumento expressivo da produção norte-americana de leite. De acordo com o último relatório mensal do USDA, a produção em junho atingiu 19,233 bilhões de libras (cerca de 8,72 milhões de toneladas), um salto de 3,3% em comparação com junho de 2024.
O número de vacas em lactação subiu para 9,469 milhões de cabeças, 146 mil a mais que no mesmo mês do ano anterior, enquanto a produção por vaca aumentou de 1.998 para 2.031 libras.
Além disso, o USDA revisou para cima os números de maio, agora estimando a produção daquele mês em 20,072 bilhões de libras — evidência de uma tendência robusta de crescimento.
Boa parte desse volume extra está sendo direcionado à produção de queijo, que também bateu recordes. Em maio, os EUA produziram 1,25 bilhão de libras de queijo (567 mil toneladas), um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior e 1,4% em relação a abril.
A demanda interna por queijos segue aquecida, assim como as exportações, que somaram 51.549 toneladas em maio — um crescimento de 7% em comparação com 2024.
As exportações totais de lácteos dos EUA em maio somaram 228.179 toneladas, um avanço de 3% frente ao mês anterior.
Esses números trazem algum alívio, mas ainda não foram suficientes para conter a pressão vendedora nos mercados futuros, principalmente diante da ausência de novos acordos comerciais concretos.
Na análise de Naomi Blohm, consultora sênior da Total Farm Marketing, o suporte técnico para os contratos Classe III está na casa dos US$17. “Se esse nível não se sustentar, o próximo suporte está perto de US$16.
O mercado está claramente defensivo diante da realidade produtiva”, afirma.
Um novo relatório de estoques frios dos EUA, previsto para o final desta semana, poderá lançar mais luz sobre os volumes de queijo e manteiga armazenados e oferecer pistas sobre o comportamento da oferta nos próximos meses.
Ao mesmo tempo, operadores seguem atentos a possíveis anúncios de acordos comerciais que possam ampliar a demanda externa e sustentar os preços.
O cenário atual, embora desafiador para os produtores norte-americanos, traz implicações relevantes para a indústria láctea global, especialmente países exportadores como Argentina, Uruguai, Brasil e Nova Zelândia.
Com os preços pressionados na principal economia mundial, compradores tendem a buscar alternativas mais baratas, influenciando também os valores nas plataformas como o GDT e os contratos spot na América do Sul.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Farm Progress