Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de leite cresceu 1,5% em 2020, comparada ao ano anterior, mesmo diante de um cenário pandêmico

Cenário em 2020

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de leite cresceu 1,5% em 2020, comparada ao ano anterior, mesmo diante de um cenário pandêmico, que afetou a produção e consumo de alimentos no mundo todo. O volume produzido foi de 642,4 bilhões de litros.

Na maior exportadora de produtos lácteos, a Nova Zelândia, a produção de leite foi de 22 bilhões de litros no ano passado, um crescimento de 0,4% frente a 2019, correspondendo a 3,4% da produção mundial.

Em 2020, foram exportados pelo país 2,9 bilhões de equivalente litro de leite na forma de leite em pó, manteiga, leite fluido e queijos, queda de 3,9% comparado ao ano anterior.

Apesar da queda das exportações neozelandesas, as importações mundiais tiveram incremento de 30,5% em 2020. Para suprir a demanda, tiveram destaque a União Europeia, a Argentina, a Austrália e os Estados Unidos, principais fornecedores leite em pó em 2020.

As restrições de funcionamento de comércio e food service em função da pandemia mudaram a dinâmica de consumo e, consequentemente, as refeições domésticas aumentaram, o que levou a um incremento mundial na demanda por lácteos, em 2,1% no ano passado.

Nesse cenário, a China, maior importadora de lácteos, aumentou em 28,7% suas importações em 2020, comparado ao ano anterior, num total de 690 mil toneladas de leite em pó.

O volume de leite fluido importado pela China da Nova Zelândia aumentou 9%. O país tem aumentado a importação de produtos lácteos nos últimos anos, mas o consumo per capita ainda é muito baixo. O chinês médio consome 35 kg/ano e o governo do país espera que esse consumo chegue pelo menos em 110 kg/ano.

Preços em alta

A produção de leite na Nova Zelândia vem diminuindo desde outubro, pico de produção, e se manterá em queda até junho (figura 1). Esse fato, aliado à forte demanda da China e do Sudeste Asiático por leite em pó integral e leite em pó desnatado, tem impulsionado o preço desses produtos no mercado internacional.

Figura 1. Produção de leite fluido na Nova Zelândia em 2020 e 2021, em mil toneladas.

 

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Fonte: DCANZ / Compilado pela Scot Consultoria

A Fonterra, cooperativa neozelandesa, considerada a maior empresa de laticínios do mundo, exporta cerca de 95% da sua produção e possui uma plataforma de comercialização através de leilões, principalmente para o leite em pó, a Global Dairy Trade. Os negócios realizados são determinantes para a formação de preços no mercado internacional de lácteos.

Os preços vêm aumentando desde novembro/20, no leilão 271, realizado em 3/11/20 (figura 2).

No último leilão, realizado em 2 de março deste ano, considerando a média de todos os produtos negociados, os preços subiram 12,9% frente ao leilão anterior. Foram negociadas 25,5 mil toneladas, queda de 4,9% frente ao leilão anterior (26,8 mil toneladas), cotadas em US$4.231,00/t.

O leite em pó integral ficou cotado em US$4.364,00 por tonelada, alta de 20,7% frente ao leilão anterior, ultrapassando a média dos preços dos demais produtos lácteos negociados.

A alta dos preços no leilão ocorreu em função da demanda chinesa firme neste início de ano.

Figura 2. Preços médios, em US$ por tonelada, do leite em pó integral e dos demais lácteos comercializados no leilão GDT nos últimos doze meses.

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Fonte: Global Dairy Trade / Elaborado pela Scot Consultoria

Os preços futuros do leite em pó indicam aumento para os próximos meses, com a produção em queda na Nova Zelândia e demanda aquecida no mercado internacional, em especial pela China (tabela 1).

Tabela 1. Preços futuros do leite em pó integral nos leilões da Global Dairy Trade

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*cotações do dia 2/3/21.
*n.d: não disponível
Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria

Considerações finais

As altas dos preços dos lácteos no leilão GDT refletem o aumento da demanda mundial pelos lácteos neozelandeses. Na Nova Zelândia, para 2021, é previsto um aumento de 0,9% na produção, o que pode ainda manter os preços firmes, a depender da demanda mundial por leite em pó.

Na China, em 2021, é esperado aumento de 3,6% nas importações, de acordo com o USDA. Porém, a produção no país tende a crescer em relação a 2020, e os estoques de lácteos chineses podem limitar as altas no primeiro semestre.

Na produção mundial, para 2021 é previsto aumento de 1,4% na produção de leite fluido e de 1,1% de leite em pó. Já as importações mundiais tendem a crescer 2,0%, comparado a 2020, o que pode significar uma oferta ajustada perante a demanda crescente.

 

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