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18 dez 2024
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A pecuária leiteira vive um momento de valorização no campo, embora ainda sinta os efeitos das altas dos custos de produção acumuladas em consequência da política econômica do governo federal, da pandemia de covid-19 e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
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É o que mostra a edição de junho do Boletim do Leite, divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Cepea. Os preços mais atrativos para os produtores decorrem da menor oferta da matéria-prima, assinala o centro de pesquisa da Esalq/USP.

“O preço do leite captado em abril/22 e pago aos produtores em maio/22 subiu 4,4% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,5444/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. Em relação a maio do ano passado, o aumento é de 11,8%, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de maio/22). Desde janeiro, especificamente, o leite no campo acumula valorização real de 14,5%”, informa o Boletim do Leite de junho.

Ainda de acordo com a publicação, a tendência é que a valorização se mantenha no próximo mês. “As pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam continuidade do movimento altista no campo, de modo que o valor pago em junho, referente à captação de maio, pode avançar cerca de 5% na “Média Brasil” líquida.”

Ao mesmo tempo, houve recuo nos custos de produção.  “Depois de quase três anos registrando avanço mensal consecutivo, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira apresentou pequena queda de 0,07% em maio, na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). A última vez que o COE havia caído foi em agosto de 2019 (com retração de 0,5%)”, acrescenta a publicação.

Leia, abaixo, as análises de Natália Grigol e Caio Monteiro, da Equipe Leite do Cepea, sobre o mercado leiteiro:  

“Movimento de alta ganha força, e leite acumula valorização de 14,5% neste ano”

Por Natália Grigol//Da equipe Leite do Cepea

O preço do leite captado em abril/22 e pago aos produtores em maio/22 subiu 4,4% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,5444/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea. Em relação a maio do ano passado, o aumento é de 11,8%, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de maio/22). Desde janeiro, especificamente, o leite no campo acumula valorização real de 14,5%. E as pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam continuidade do movimento altista no campo, de modo que o valor pago em junho, referente à captação de maio, pode avançar cerca de 5% na “Média Brasil” líquida.

A valorização de leite no campo se deve à menor oferta. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,7% entre março e abril, acumulando recuos de 8,2% desde o início deste ano e de 4,5% desde abril/21. Com menor disponibilidade de leite no campo, a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima seguiu intensa, sustentando o movimento de elevação nos preços do leite cru naquele mês.

A menor produção de leite, por sua vez, está atrelada ao avanço do período de entressafra da produção, que ocorre sazonalmente entre o outono e o inverno – quando o clima mais seco prejudica a disponibilidade e a qualidade das pastagens. Contudo, é preciso lembrar que, neste ano, lidar com a entressafra está mais complicado para o produtor. As alterações climáticas ocorridas pela La Niña no final do ano passado prejudicaram a qualidade da silagem que, neste momento, compõe o manejo nutricional dos animais. Além disso, os elevados custos de produção com diversos insumos da atividade vêm pressionando as margens dos pecuaristas desde o ano passado, complicando os investimentos de longo prazo – o que tem reduzido o potencial de recuperação da oferta mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor.

Gastos com concentrados

Apesar de os gastos com o concentrado terem recuado devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue em patamar elevado. Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Ainda assim, pela primeira vez desde 2019, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira não subiu: houve ligeiro recuou de 0,07% na “Média Brasil” em maio.

Já em relação à demanda, as pesquisas do Cepea/OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostram que, até a primeira quinzena de maio, havia tendência de queda nas cotações dos lácteos, devido à procura enfraquecida na ponta final da cadeia. Contudo, a oferta enxuta no campo, a diminuição dos estoques de forma generalizada entre as indústrias e o encarecimento do leite spot (negociado entre as indústrias) a partir da segunda quinzena de maio inverteram essa tendência. Em Minas Gerais, o leite spot se valorizou 3,4% da primeira para a segunda quinzena de maio. Na média mensal, porém, o valor ficou praticamente estável (-01%) frente a abril, em R$ 3,01/litro. As negociações seguiram aquecidas em junho, com forte aumento de 26,2% na média mensal, que chegou a R$ 3,80/litro.

A baixa disponibilidade de leite e o aumento dos preços ao produtor e dos derivados elevou a competitividade dos produtos internacionais no mercado doméstico. Com isso, houve crescimento nas importações e recuo nas exportações de lácteos em maio.

“Após quase três anos de alta, COE da pecuária leiteira registra leve queda”

Por Caio Monteiro//Da equipe Leite do Cepea

Depois de quase três anos registrando avanço mensal consecutivo, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira apresentou pequena queda de 0,07% em maio, na “Média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). A última vez que o COE havia caído foi em agosto de 2019 (com retração de 0,5%).

No acumulado de 2022 (de janeiro a maio), o COE subiu 4,25%, ritmo inferior ao observado no mesmo período de 2021, quando o aumento nos cinco primeiros meses já atingia os 11%. A desaceleração em maio esteve atrelada à retração nos desembolsos com os concentrados, de 0,81%, considerando-se a “Média Brasil”.

A baixa nos preços dos concentrados, por sua vez, é resultado da desvalorização do milho em maio, devido ao otimismo em relação à produção na segunda safra brasileira, que pode ser recorde. Dentre os estados acompanhados pelo Cepea, as quedas mais significativas nas cotações dos concentrados foram registradas no Paraná (2,52%) e em Minas Gerais (0,47%). Ressalta-se que, embora os custos da suplementação energética tenham recuado nos últimos meses, os desembolsos com alimentação ainda estão bastante elevados, o que mantém pressionando as margens da atividade.

Já dentre os insumos que apresentaram valorizações em maio – e que, portanto, limitaram a baixa no COE no mês –, destacam-se os combustíveis. A valorização do diesel resultou em elevação de 1,8% dos custos com as operações mecânicas de manutenção nas propriedades leiteiras. Os gastos com suplementação mineral também subiram, 2,98% em maio, influenciados pelo encarecimento na logística de distribuição do produto.

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