Porto Alegre- A cadeia produtiva do leite gaúcho está pedindo socorro. A forte queda no preço do litro do leite que está sendo pago levou diversos produtores a registrarem prejuízos na atividade.
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RABOBANK, UM EMPRESTADOR GLOBAL DE ALIMENTOS E AGRICULTURA, ESPERA QUE O POOL COMBINADO DE LEITE GRANDE-7 VOLTE A CRESCER DAQUI ATÉ O FINAL DESTE ANO.

Porto Alegre- A cadeia produtiva do leite gaúcho está pedindo socorro. A forte queda no preço do litro do leite que está sendo pago levou diversos produtores a registrarem prejuízos na atividade. Para que se tenha uma ideia a respeito da instabilidade que atinge o setor, na última reunião do Conseleite-RS o valor referência para o litro caiu 14,80% em relação a julho, fechando em R$ 2,8157, contra R$ 3,3049 do mês anterior, sendo que os valores levantados pela FETAG-RS apontam para uma redução de 17,65% do leite entregue em agosto e pago agora dia 15 de setembro.

A instabilidade nos preços está causando pânico nos produtores de leite em todo o Estado, que acumularam prejuízos fortes nos últimos meses em decorrência da estiagem e do aumento dos preços do óleo diesel, dos fertilizantes e da ração. Entretanto, quando finalmente puderam recuperar um pouco dos valores perdidos, ao longo do mês de julho sofreram outro impacto ao ver os preços caírem vertiginosamente novamente em agosto.

Portanto, a Fetag-RS e a Comissão Estadual do Leite composta pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais reuniram-se com a Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios do RS (APIL), Organização das Cooperativas do RS (OCERGS) e Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat) para debateram sobre o cenário instalado e para buscar soluções.

Uma das causas apontadas para a queda no preço referência do leite é a importação do produto oriundo da Argentina e do Uruguai, que acabam levando vantagem em relação ao leite gaúcho devido a política adotada pelo livre comércio do Mercosul. Outro fator que deixa os gaúchos em desvantagem é a logística de transporte até a região sudeste do país, principalmente para São Paulo. A estimativa é de que 60% do leite produzido no Estado necessite obrigatoriamente fazer este caminho, o que faz com que haja uma perda de competitividade frente a outros estados.

Outra causa apontada é a prática adotada pelas grandes redes de supermercados, que pressionam o preço do leite UHT e do queijo muçarela para estampar em cartazes de oferta com o objetivo de chamar clientes e para vender cartões de crédito dos próprios grupos econômicos do varejo. Esse processo causa uma enorme instabilidade para o produtor, para a indústria de lácteos e principalmente para o consumidor.

É consenso entre as entidades participantes da reunião de que há necessidade de atuação dos Governos do Estado e da União para a implantação de políticas públicas que tornem o leite gaúcho e brasileiro mais competitivo em relação aos países vizinhos, como a exclusão do Fator de Ajuste de Fruição (FAF), a fiscalização de práticas abusivas de alguns supermercados que comercializam leite com preços abaixo do custo de produção e industrialização e a imediata execução dos projetos protocolados no Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite do Rio Grande do Sul (Fundoleite).

O presidente Carlos Joel da Silva afirmou que, caso haja nova baixa forte no preço do leite, os produtores de leite, liderados pela Fetag-RS e pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, farão mobilizações. “O setor não suporta mais quedas de preços. É preciso ter responsabilidade de evitar que os produtores quebrem, pois deve ser interesse de todos manter a cadeia leiteira saudável e funcionando. Queremos resolver no diálogo com a indústria e com os supermercados, mas vamos agir se for preciso se outros elos da cadeia ficarem ganhando dinheiro em cima dos produtores”.

Como encaminhamento, ficou acordado a criação de um grupo de trabalho e nova reunião no início de outubro para criar um documento com pautas do setor que atendam os interesses da indústria e dos produtores para ser entregue aos candidatos ao governo do Estado que irão para o segundo turno. A convocação da câmara setorial do leite e derivados que é coordenada pelo vice-presidente da FETAG-RS, Eugênio Zanetti, para discutir e apontar as questões levantadas ao Governo do Estado, e por fim, foi feito o pedido para que as indústrias segurem as quedas no preço do leite para o próximo mês.

Estiveram presentes na reunião: o presidente da Ocergs, Darci Pedro Hartmann; o presidente e o secretário executivo do Sindilat, Guilherme Portela e Darlan Palharini, respectivamente; o secretário executivo da APIL, Osmar Redin; o presidente da CTB-RS e diretor da Fetag-RS, Sérgio de Miranda; e os representantes das regionais sindicais que integram a Comissão Estadual do Leite.

O investimento em publicidade e marketing deverá representar 9% das vendas até o fim do próximo ano, informou a Nestlé.

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