O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva, de 3,8%, e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Mesmo com o aumento, a média ainda ficou 21,6% abaixo da registrada em fevereiro de 2023, em termos reais – os valores foram deflacionados pelo IPCA de fevereiro de 2024.
O movimento altista no campo, iniciado em novembro de 2023, ocorre em função da menor produção no campo e do acirramento da disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano.
Por sua vez, a queda na oferta é explicada pelo clima, mas, sobretudo, pelas margens espremidas dos pecuaristas nos últimos meses, que levaram à redução de investimentos dentro da porteira.
A expectativa dos agentes de mercado é de que as cotações do leite cru continuem em elevação nos próximos meses. Porém, este movimento pode ser limitado pelo consumo e pelas importações.
Agentes consultados pelo Cepea relatam que o consumo de derivados na ponta final da cadeia seguiu instável em fevereiro, apresentando muita sensibilidade ao aumento dos preços. Nesse sentido, os laticínios têm tido dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima na negociação com os canais de distribuição.