O preço do leite pago ao produtor no Rio Grande do Sul sofreu queda em agosto, ficando projetado em R$ 2,3712 por litro, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 26 de agosto, pelo Conseleite.
O valor representa retração de 2,35% em relação à estimativa de julho, que havia sido calculada em R$ 2,4283.
O colegiado também confirmou o valor consolidado de julho, que fechou em R$ 2,4592 por litro, o que significou um aumento de 1,21% sobre o mês de junho (R$ 2,4299).
Segundo Darlan Palharini, coordenador do Conseleite, a redução projetada para agosto reflete o comportamento do mercado nos primeiros 20 dias do mês, com base em dados fornecidos pelas indústrias participantes.
A variação no preço ocorre em um momento de ajustes sazonais do mercado lácteo, influenciado pela oferta de leite no campo e pela demanda dos consumidores e das indústrias.
Apesar do leve aumento observado em julho, a tendência para agosto aponta para um cenário de contenção nos valores, o que pode impactar a renda dos produtores gaúchos, especialmente aqueles que operam com margens apertadas diante dos custos elevados de produção.
De acordo com Palharini, a metodologia utilizada pelo Conseleite leva em consideração o comportamento médio do mercado, a partir das informações prestadas pelas empresas do setor.
“Trabalhamos com um modelo que permite sinalizar tendências de preço, dando maior transparência para o produtor e para a indústria”, destacou.
O Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores de leite do Brasil, vem enfrentando um cenário desafiador, com custos de insumos ainda elevados e flutuações no consumo interno.
Além disso, a concorrência de lácteos importados de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, continua a exercer pressão sobre a formação de preços no mercado interno.
A queda de 2,35% em agosto, ainda que moderada, pode indicar um período de instabilidade para o setor no segundo semestre.
Especialistas apontam que o comportamento do mercado nos próximos meses dependerá de fatores como a evolução das condições climáticas, que afetam diretamente a produção de pastagens, e as estratégias de importação e exportação adotadas pelas indústrias brasileiras.
Outro ponto relevante para o mercado gaúcho é o consumo doméstico, que tem apresentado oscilações em função do poder de compra da população.
Com a inflação de alimentos mostrando sinais de estabilidade, espera-se que a demanda por derivados lácteos possa se manter, mas ainda com cautela por parte do consumidor final.
Os produtores, por sua vez, continuam a buscar maior eficiência produtiva para enfrentar as variações de preço. Programas de apoio técnico, incentivo à melhoria genética do rebanho e uso racional de insumos têm sido adotados para mitigar os impactos da volatilidade do mercado.
Palharini reforçou que a função do Conseleite é apresentar um parâmetro de referência para negociações, mas que cada produtor pode encontrar diferentes realidades ao negociar com laticínios. “É importante que os produtores acompanhem os indicadores, mas também negociem de forma individual conforme a sua produção e qualidade do leite entregue”, afirmou.
O cenário do leite no Rio Grande do Sul continuará sendo acompanhado de perto por analistas, produtores e indústrias ao longo dos próximos meses. A expectativa é que novas reuniões do Conseleite tragam projeções mais atualizadas à medida que o mercado se ajusta às condições de oferta e demanda.