De 2015 a 2019, os preços reais ao produtor de leite no mercado mundial (convertidos do dólar para o real e deflacionados) se mantiveram entre R$1,31 e R$ 1,64 o litro, com média de R$ 1,40. É o que aponta a nota de conjuntura da CILeite/Embrapa divulgada nesta semana.
Em 2020, a média de preços no Brasil foi de R$ 2,04/L, igual à mundial, de R$ 2,03/L. De modo similar em 2021, quando a média mundial foi de R$ 2,43/L, e do Brasil R$ 2,36/L. Ao longo do primeiro semestre de 2022 os preços do leite ao produtor no Brasil registraram aumentos mais acentuados devido ao período de entressafra e por uma redução histórica na oferta de leite, que caiu 9,1% no primeiro semestre. O pico dos preços ocorreu no mês de agosto de 2022, com valor 63% maior em relação ao mês de janeiro daquele ano.
Em setembro de 2022, o preço do leite brasileiro teve queda de 14%. Ainda assim, esteve 28% acima da referência mundial adotada. Duas causas principais podem ser consideradas:
- Entrada no período de safra, momento em que há um aumento da oferta de leite;
- Um aumento atípico no volume de importações de lácteos, equivalente à 10% da produção nacional de leite.
“Em termos de custo de produção, tomando-se como referência o custo da mistura 70% milho e 30% farelo de soja, os valores reais médios de 2022 para o mercado internacional e para o Brasil foram similares de R$ 1,93/kg e R$1,94/kg, respectivamente”, informa a CILeite/Embrapa. “Neste caso, ressalta-se que houve uma alta acentuada nos custos de produção após meados de 2020 e que segue incomodando o pecuarista. Com base nos nove meses de 2022, tanto no Brasil quanto no mercado internacional, os custos da mistura 70+30 foram 30% maiores em relação a 2021.”
Oferta de leite no Brasil e no mundo
Em termos da oferta, no âmbito mundial a expectativa de crescimento é zero em 2022. Para o Brasil a expectativa, de acordo com as estatísticas disponíveis do leite captado é de uma queda na produção de 6% em relação a 2021. No mercado atacadista, os preços dos principais derivados lácteos começaram a cair no fim de julho. Até o início de outubro, houve um recuo próximo de 30% para o leite UHT e para o queijo muçarela.
Para o consumidor, o impacto de queda de preços geralmente chega um pouco mais tarde. Os preços do leite UHT tiveram aumentos ao longo do primeiro semestre com pico em julho, equivalente a 75% no acumulado do ano. De julho até setembro houve um recuo de 21%. Dessa forma, ainda há espaço para novos recuos nos preços ao consumidor, já que a desaceleração no atacado e no produtor foram mais acentuadas.
A produção de leite tem movimento crescente até dezembro, quando se chega ao pico da safra. Por outro lado, espera-se também alguma retomada do consumo. Os indicadores macroeconômicos de emprego e renda estão melhores, a inflação mais controlada, os preços dos derivados lácteos mais baixos no varejo e os suportes financeiros do Governo Federal às famílias de baixa renda são alguns dos estímulos a demanda. Isso tende a colocar algum piso nas cotações, inibindo novas quedas acentuadas, até porque, conforme mencionado, o custo segue elevado.