Importações argentinas ampliam oferta do produto e derrubam remuneração ao campo.
leite

O setor leiteiro do Rio Grande do Sul entrou em estado de alerta. O cenário foi alvo de manifestação pública da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), mas atinge também as indústrias. O motivo está na diminuição súbita da remuneração do produto em agosto, inclusive à projetada pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite) ao mês, de R$ 2,8157 o litro. Conforme o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, a redução no pagamento da indústria, que oficialmente já estava 14,8% menor que o de julho (ou em torno de R$ 0,48/litro), saltou para um intervalo visto entre R$ 0,60/litro e R$ 0,80/litro. “Se o preço cair novamente nos próximos 15 dias, há forte risco de desistência de produtores da atividade”, alerta.

O movimento de mercado inesperado tem como origem a importação de leite em pó da Argentina, segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini. “Eles estavam estocados devido à diminuição das compras chinesas. Com isso, entrou leite em pó no Brasil a R$ 22,73 o quilo, ou não mais do que R$ 2,61 o litro ao produtor”, explica. Além disso, as aquisições ocorreram no momento em que a oferta de leite no mercado gaúcho havia se recuperado, após a forte estiagem do último verão, devido à abundante alimentação de inverno ao gado. Só entre julho e agosto, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, as importações de leite UHT e em pó de países do Mercosul, realizadas pelo Rio Grande do Sul, cresceram 103,53%.

Para equacionar a questão, o coordenador do Conseleite, Eugenio Zanetti, propõe limitar as compras do mercado externo. Já Carlos Joel da Silva defende a abertura de diálogo entre o setor produtivo, a indústria e o varejo para buscar margens de lucro mais ajustadas para o beneficiamento e o varejo, já que as do campo estão penalizadas. Palharini concorda que os elos da cadeia precisam dialogar, mas diz que “há dificuldade para fazer com o que o setor varejista “sente à mesa”.

Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, é preciso acabar com a falta de credibilidade entre os membros da cadeia. “Esta é a melhor maneira de todos escolhermos os melhores parceiros”, afirma, lembrando que o consumidor é soberano. “Quando ele entende que há exploração por parte da cadeia, migra de produto”, diz.

Companhia do interior de São Paulo deve faturar mais de R$ 1 bilhão e descarta boatos de venda; mirando um eventual IPO, o plano é crescer com M&As, com dois negócios já no gatilho.

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