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16 jul 2025
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Alta na oferta, demanda fraca e importações em alta derrubam o valor pago ao produtor em Minas Gerais e no Brasil, com tendência de novas quedas.
Leite. Minas.

Alta na oferta, demanda fraca e importações em alta derrubam o valor pago ao produtor em Minas Gerais e no Brasil, com tendência de novas quedas.

Os produtores de leite em Minas Gerais enfrentaram, em junho, a segunda queda consecutiva nos preços pagos pelo litro do leite, num cenário incomum para a entressafra.

Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indicam que o leite captado em maio e pago no mês seguinte teve média de R$ 2,73/litro no estado — retração de 4,23% frente ao mês anterior.

A baixa também foi registrada na Média Brasil, onde o preço pago ao produtor recuou para R$ 2,64/litro, o que representa quedas de 3,9% em relação a maio e de 7,4% frente a junho de 2024, já descontada a inflação.

Apesar de atípico para a época do ano, o movimento já era previsto por agentes do setor. Segundo a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, “a baixa ocorre em função do aumento da oferta e do enfraquecimento da demanda por lácteos na ponta final da cadeia.”

Produção em alta e consumo contido

A captação de leite no país seguiu em alta. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L), monitorado pelo Cepea, teve aumento de 1,13% de abril para maio, superando o ritmo dos últimos anos em diversas bacias leiteiras.

A explicação, segundo os pesquisadores, está na maior confiança dos produtores, que investiram mais na atividade devido a margens melhores no semestre anterior.

No entanto, o mercado consumidor não acompanhou esse crescimento. O Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite (CILeite) aponta que, embora o rendimento real do trabalho e a taxa de ocupação estejam em expansão, o poder de compra segue afetado por uma inflação ainda elevada e juros altos.

Com isso, o consumo de lácteos permanece limitado.

O impacto direto é sentido no varejo: houve aumento no faturamento total das vendas, mas redução no volume físico comercializado — sinal claro de que o consumidor está comprando menos, mesmo pagando mais.

Estoques elevados e margens apertadas

O enfraquecimento da demanda fez com que as indústrias enfrentassem dificuldades para escoar os estoques, pressionadas pelos canais de distribuição.

Levantamentos do Cepea, com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), apontaram queda nos preços de referência no atacado para leite UHT, muçarela e leite em pó. Com isso, as margens das indústrias ficaram ainda mais comprimidas.

Outro fator que agravou o cenário foi o crescimento das importações. Em maio, o volume de lácteos importados subiu 8,59% em relação ao mês anterior. Na comparação com maio de 2024, o aumento foi de expressivos 18%, adicionando mais pressão ao mercado interno, especialmente sobre produtos como o leite em pó e queijos.

Perspectivas preocupantes para o segundo semestre

Segundo análise da Embrapa Gado de Leite, a tendência para os próximos meses é de continuidade nas quedas de preço. O relatório da instituição alerta para um cenário incerto no segundo semestre, mas com viés negativo, especialmente se persistirem os altos volumes de importação e a produção seguir em crescimento.

“A ajuda para cotações mais firmes vai depender do consumo”, resume o relatório. Ou seja, mesmo com esforços produtivos e melhora tecnológica no campo, sem uma recuperação mais robusta da demanda doméstica, o setor deverá continuar enfrentando margens apertadas e volatilidade nos preços.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diário do Comércio

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