O preço de referência do leite no Rio Grande do Sul segue em queda e acende o sinal de alerta para os produtores.
Segundo o Conseleite-RS, a projeção para o valor pago pelo litro do leite captado em junho é de R$ 2,4228, o que representa uma retração de 0,88% em comparação com o valor projetado em maio, que foi de R$ 2,4443.
Os dados divulgados nesta quarta-feira (26) reforçam uma tendência de pressão sobre a rentabilidade dos produtores de leite gaúchos. Em maio, o preço consolidado ao produtor ficou em R$ 2,4332, o que já havia representado uma queda expressiva de 3,36% em relação ao mês anterior.
O levantamento do Conseleite, entidade paritária que reúne representantes de produtores rurais e indústrias de laticínios do Estado, utiliza como base os resultados parciais dos primeiros 20 dias do mês para calcular o valor de referência. Esse preço serve como um indicativo, mas pode variar de acordo com a qualidade do leite e os contratos entre produtores e laticínios.
Pressão nos custos e impacto na produção
A queda no preço ocorre em um momento delicado para o setor leiteiro do Rio Grande do Sul. Segundo levantamento do Cepea/Esalq-USP, o custo de produção segue elevado, pressionado principalmente pelos preços de insumos como rações e medicamentos veterinários. Além disso, eventos climáticos extremos, como as enchentes recentes que atingiram diversas regiões do Estado, também impactaram a atividade e reduziram a oferta de leite em algumas áreas.
Apesar da menor disponibilidade de leite em determinadas regiões, o mercado segue pressionado por fatores como o consumo interno enfraquecido e o aumento das importações de lácteos. Segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), o Brasil importou mais de 22 mil toneladas de lácteos em maio, volume 15% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Especialistas do setor apontam que o cenário é desafiador e exige cautela dos produtores. “Estamos diante de um ciclo de preços baixos que pode comprometer a sustentabilidade de muitas propriedades, principalmente as pequenas e médias, que têm menos margem para absorver os custos”, destaca o consultor agropecuário Márcio Lopes.
Expectativas para o segundo semestre
Com a chegada do inverno, período tradicionalmente marcado por menor produção de leite devido à escassez de pastagens, há expectativa de que a oferta se ajuste e possa gerar alguma recuperação nos preços ao produtor. No entanto, analistas alertam que o mercado permanece vulnerável às oscilações do consumo e ao impacto das importações.
Enquanto isso, entidades como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) reforçam a necessidade de políticas públicas de apoio aos produtores, como linhas de crédito com condições diferenciadas e incentivos para investimentos em tecnologia e manejo.
O setor leiteiro gaúcho, um dos mais importantes do Brasil, responde por aproximadamente 12% da produção nacional de leite, segundo dados do IBGE. No entanto, o ambiente de preços baixos e custos elevados coloca em risco a sustentabilidade dessa cadeia produtiva vital para o Estado e o país.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Globo Rural | O agro de ponta a ponta