A pandemia do novo coronavírus tem desafiado a cadeia produtiva de lácteos que, de acordo com produtores, passa por uma verdadeira montanha-russa.

A pandemia do novo coronavírus tem desafiado a cadeia produtiva de lácteos que, de acordo com produtores, passa por uma verdadeira montanha-russa. Produtores de leite ouvidos pela reportagem da Folha da Região, afirmam que a produção caiu bastante, junto com as vendas devido ao momento pandêmico. Principalmente no setor alimentício escolar, muitos produtores do interior paulista, atendiam a região fazendo entregas de leite para as merendas escolares em prefeituras.

Devido à falta de insumos, acarretou no aumento dos gastos, fazendo com que muitos produtores deixassem de tratar os animais, e com a falta de trato, resulta, em queda do leite. Alguns pecuaristas alertam para a falta de insumos, que deve refletir em 2021. “Posso estar errado, mas isso pode gerar uma crise alimentícia, e vir a faltar muitos produtos em nossas prateleiras pois tudo começa na agricultura e pecuária, dois setores que caminham juntos e estão sendo muito afetados”, comenta o produtor de leite José Carlos Zandona.

O programa de auxílio emergencial promovido pelo governo federal acabou dando um certo poder de compra para a população, e isso impactou positivamente nos bolsos do produtor de leite, o que durou um certo tempo, e logo uma outra face do movimento alterou o cenário econômico novamente: o da produção de leite, que registrou uma queda e impactou as vendas por conta da pandemia. E acendeu um alerta sobre os custos altos que devem pautar o mercado no ano que vem. Entre janeiro e dezembro de 2020, as importações de leite subiram 117% no Brasil, segundo boletim do Centro de Inteligência do Leite, produzido pela Embrapa Gado de Leite.

E o principal motivo que ditou o ritmo de escalada é a falta do produto aqui no Brasil, já que a demanda aumentou no período de isolamento social na pandemia. “Entendo que o preço recebido pelo produtor por litro de leite produzido está defasado, isso porque, os insumos utilizados para a produção de leite subiram consideravelmente nos últimos tempos, como por exemplo: milho, farelo de soja, caroço de algodão, polpa cítrica, energia e etc, além dos custos terem um aumento considerável, estamos tendo enormes dificuldades em efetuar a compra desses insumos”, explica Alerson Romano Pelielo, advogado e agricultor da propriedade localizada em Buritama, interior paulista, às margens do Rio Tietê.

Segundo o agricultor, o produto de qualidade está escasso por diversos fatores: “ Preços baixos praticados pelas Indústrias Lácteas, em alguns meses se quer pagam o custo de produção do leite produzido, o que levou muitos produtores a aproveitarem o forte preço da arroba do boi e reduziram o plantel de matrizes leiteiras, outro fator é a falta de política clara e objetiva em relação ao setor lácteo, principalmente em relação às importações e os preços pagos aos produtores e por último, a questão climática que castiga as grandes bacias leiteiras do Brasil, até aqui, em nossa região, sofremos severamente com a estiagem e com as queimadas,” salientou Pelielo.

Em 2020 o País se consolidou como grande importador e também exportador de produtos da cadeira do leite, chegou a exportar para 202 países. Para José Carlos Zandona, sócio proprietário no Laticíneo Nova Era em Clementina, importação não faz parte da realidade da indústria, mas avalia que a modalidade é viável para todo o País. “Atualmente não estamos importando leite, mas isso ajuda a valorizar a pecuária Brasileira e motiva os produtores do nosso País.

O produto estava escasso, porém as chuvas que estão chegando na nossa região melhoraram muito a pastagem e consequentemente melhora a produção de leite. Já o preço do leite está variando muito, os valores estão instáveis”, completa Zandona. Para o Assessor Executivo da Secretaria de Desenvolvimento Agroindustrial de Araçatuba, Arnaldo dos Santos Vieira Filho, a produção de leite é insuficiente para os patamares de consumo e concorda que o fator da seca severa aumentou o preço dos alimentos para o gado. “Esse resultado se dá por conta que a nossa produção diminuiu e aumenta pelo oportunismo, visto que a grande parte dos produtores não são muito especializados, portanto, quando o preço diminui um período de tempo longo, a tendência é muita gente sair da produção, causando falta do produto”, explica.

O Estado de São Paulo reúne plenas condições de produção de leite, mesmo em pequenas áreas com utilização de mão de obra familiar e tecnologia de ponta, mas na prática a maioria dos produtores ainda trabalham com sistemas tradicionais de produção. Hoje o estado importa 70% do leite que consome, seja de outros estados ou países. A região Noroeste Paulista é a principal Bacia Leiteira do Estado. No balanço líquido, o pecuarista teve grandes desafios e é assim que deve começar 2021.

O ano que vem começará com o sinal de alerta ligado. “O maior desafio será os custos altos para se manter uma produção do leite, tanto no setor industrial, quanto rural. Estamos prevendo uma lista de matérias primas em falta e valores insustentáveis”, aponta Zandona. “Os desafios são vários, mas um dos mais importantes está na conscientização do produtor para o incremento tecnológico, além dos fatores de chuvas tardias para a produção de alimentos o que pode afetar a segurança alimentar dos animais e comprometer o bom desenvolvimento nutritivo”, adiciona ele. No entanto, a realidade mais rentável é a diversificação da atividade, ou seja, não ter apenas uma atividade – o leite – mas diversas dentro da pecuária. E esse leque já têm sido explorado ao seu máximo.

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