A produção de leite no inverno pode sofrer impactos significativos devido à queda no consumo de água pelos animais.
A baixa ingestão hídrica, somada ao estresse térmico e a maior incidência de infecções respiratórias, exige atenção redobrada dos produtores para manter a saúde e o desempenho do rebanho.
Segundo Marieli Garcia Madeira de Lima, inspetora técnica da Associação de Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), os sinais clínicos de que algo não vai bem com as vacas leiteiras incluem tosse, cansaço e excesso de secreção nasal.
Ela destaca ainda a importância de monitorar os cascos dos animais, uma vez que alterações nessa região podem levar a inflamações e infecções dolorosas.
“Para evitar esses problemas, o ideal é manter o ambiente sempre bem ventilado, limpo e seco. Evitar o acúmulo de fezes e urina no chão e garantir a ordenha em local higienizado ajudam a prevenir doenças como a mastite”, orienta Marieli.
O estresse térmico, mais comum no verão, também pode ocorrer no frio. Nesse caso, o organismo dos animais precisa trabalhar mais para manter a temperatura corporal, o que gera uma demanda maior por energia.
Por isso, uma dieta balanceada, rica em energia, proteínas e minerais, é fundamental para preservar a imunidade e a produtividade do rebanho.
Outro fator crítico nas baixas temperaturas é a hidratação. O consumo de água tende a cair por conta do frio excessivo ou até do congelamento em algumas regiões do Sul do Brasil.
Essa redução impacta diretamente na produção de leite, já que a água representa entre 85% e 90% da composição do leite.
“O ideal seria manter os bebedouros em locais protegidos do frio e tentar fornecer água levemente aquecida. Isso ajuda a manter o consumo adequado e evita perdas produtivas”, recomenda a técnica da Gadolando.
Ela também sugere manter os cochos limpos, camas secas e pisos seguros, para evitar quedas e garantir o bem-estar animal.
As vacas prenhas e os bezerros são particularmente vulneráveis durante o inverno. Marieli ressalta a importância de garantir locais secos e protegidos para o descanso desses animais.
Em casos mais rigorosos, o uso de mantas térmicas ou roupas apropriadas é indicado.
Além das práticas de manejo, a especialista reforça que a atualização do calendário vacinal e a presença constante de assistência técnica e veterinária nas propriedades são estratégias indispensáveis para preservar a saúde dos animais durante o período mais frio do ano.
Em um cenário onde o bem-estar animal está diretamente ligado à eficiência produtiva, adaptar as rotinas da fazenda ao clima é um investimento necessário.
O cuidado com detalhes como nutrição, hidratação e conforto térmico pode ser o diferencial entre perdas e estabilidade na produção de leite durante o inverno.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Revista Attalea Agronegócios