Dentre os produtos alimentícios mais consumidos no cotidiano, o leite tem sido o centro das atenções por vários motivos nos últimos tempos. No mês de março, logo que o isolamento social mais rigoroso começou no Paraná, o aumento do preço do produto nas prateleiras dos supermercados levou os consumidores a procurarem o Procon-PR. No dia 31 de março o órgão de defesa do consumidor notificou algumas das principais indústrias, como Santa Clara, Líder, Tirol e Frimesa, para que justificassem o aumento.
Em abril os preços voltaram ao normal nos supermercados. Entretanto, neste mesmo mês, houve queda no consumo de produtos lácteos, como queijos, pois pizzarias, restaurantes e lanchonetes permaneceram fechados. Em maio, são os produtores de leite que reclamam, pois as indústrias baixaram o preço pago pelo litro de leite ao mesmo tempo em que os custos para a produção aumentaram – a ração subiu e a seca tem ocasionado problemas nas propriedades rurais.
O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Paraná (Conseleite-PR) quer que os preços que haviam sido combinados anteriormente sejam mantidos pelas indústrias, evitando que a conta fique para o pecuarista pagar. O órgão cobra mais diálogo para que o setor lácteo continue em crescimento no Paraná – que tem a segunda maior bacia leiteira do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais – e no País.
Dar amparo ao produtor de leite é uma das demandas econômicas do momento, dentre as políticas públicas necessárias para atender o setor de agropecuária. No Paraná, uma das iniciativas já sinalizadas pelo governo é a compra da produção excedente, que poderá ser destinada para a fabricação de leite em pó para a merenda escolar.
O pecuarista continua mantendo a sua rotina de produção, apesar dos percalços do momento atual: pandemia, oscilação no preço pago pelo litro do leite, a seca que afetou o pasto e água para os rebanhos. Ele está sereno, pois conviver com as intempéries climáticas e com os ditames da indústria láctea já são parte da atividade rural, repleta de altos e baixos.
Cada produtor busca a melhor alternativa para o seu caso, com a paciência de quem observa o mundo através de sua experiência como que é natural. Experiência esta que envolve, por exemplo, esperar que novos animais cresçam para produzir, que envolve guardar a silagem, saber que o inverno vai afetar a produção, dentre tantos outros fatores que fogem do imediatismo.