A produção de leite nos Estados Unidos registrou um crescimento expressivo em setembro de 2025, confirmando uma trajetória de expansão estratégica do setor lácteo norte-americano.
De acordo com o relatório mensal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o volume produzido no mês avançou 4% em comparação com setembro de 2024, consolidando uma das taxas de crescimento mais robustas dos últimos anos.
A leitura mais recente também trouxe uma revisão positiva dos dados de agosto, que passaram a indicar uma alta de 3,6% na produção frente ao mesmo mês do ano anterior. Segundo analistas de mercado, esse ajuste reforça a consistência do movimento de expansão e sinaliza que o avanço não é pontual, mas resultado de decisões estruturais tomadas ao longo dos últimos ciclos produtivos.
O desempenho da produção de leite foi sustentado por dois vetores principais: o aumento da produtividade média por vaca e a ampliação do número total de animais nos rebanhos. Em setembro, o efetivo de vacas leiteiras cresceu 2,4% na comparação anual, configurando o maior incremento já registrado desde o início da série histórica mensal, em 1998. Trata-se de um dado relevante, pois indica uma mudança clara de postura dos produtores, que voltaram a expandir rebanhos após anos de ajustes mais conservadores.
No recorte estadual, Michigan manteve sua posição de liderança em produtividade média por vaca, reforçando o papel do Estado como referência em eficiência produtiva. Fontes do setor apontam que investimentos contínuos em genética, nutrição e manejo têm permitido ganhos sustentáveis, mesmo em um cenário de custos ainda pressionados por insumos e logística.
A expansão da produção de leite não ocorreu de forma homogênea em todo o território norte-americano. Pelo contrário, os maiores avanços se concentraram em regiões específicas, refletindo uma estratégia de planejamento alinhada com a instalação de novos e grandes complexos industriais. Kansas liderou o ranking de crescimento proporcional, com um salto de 21% na produção, seguido por Geórgia, com alta de 9,8%, e Dakota do Sul, que avançou 9,4%.
Esses Estados têm atraído investimentos relevantes em capacidade de processamento, criando um ambiente favorável para a ampliação da oferta de matéria-prima. Na prática, a abertura de novas plantas e a expansão de unidades existentes reduziram gargalos logísticos, deram maior previsibilidade aos produtores e estimularam a incorporação de mais vacas aos sistemas produtivos locais.
Um economista ligado ao U.S. Dairy Export Council (USDEC) e à National Milk Producers Federation (NMPF) avaliou que o crescimento da produção de leite vai além da simples resposta a preços do leite. Segundo ele, a valorização da carne proveniente de vacas leiteiras também teve papel decisivo ao melhorar a rentabilidade global das fazendas, criando um incentivo adicional para o aumento dos plantéis.
Na visão desse especialista, a combinação entre maior capacidade industrial, demanda externa consistente e receitas complementares da carne contribuiu para reduzir riscos e destravar decisões de investimento que estavam represadas. Esse contexto ajudou a alinhar os interesses da produção primária com a indústria e o mercado exportador, fortalecendo a competitividade do setor como um todo.
O relatório do USDA também evidencia que a expansão atual da produção de leite está fortemente conectada a uma lógica de longo prazo. Em vez de crescimento disperso, o que se observa é a formação de polos regionais bem estruturados, onde produção, processamento e logística evoluem de forma integrada. Esse modelo tende a gerar ganhos de escala, maior eficiência operacional e melhor capacidade de resposta às oscilações do mercado internacional.
Para o mercado global de lácteos, o avanço consistente dos Estados Unidos reforça a posição do país como um dos principais players da oferta mundial. Analistas avaliam que, mantido esse ritmo, a produção norte-americana seguirá exercendo influência direta sobre fluxos comerciais, preços internacionais e estratégias de concorrentes em outras regiões produtoras.
Em síntese, os dados de setembro confirmam que a produção de leite nos Estados Unidos atravessa uma fase de expansão planejada, sustentada por fundamentos produtivos sólidos e decisões estratégicas bem alinhadas entre campo e indústria. O movimento não apenas redefine o mapa interno da produção, como também projeta impactos relevantes para o equilíbrio do mercado lácteo global nos próximos anos.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de CLAL News






