ESPMEXENGBRAIND
18 jul 2025
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18 jul 2025
América do Sul produz 7% do leite mundial, mas enfrenta grande desigualdade em produtividade, estrutura e competitividade entre países.
Um dos principais vetores de competitividade da atividade leiteira tem sido a capacidade de produzir mais com menos. América do Sul

A produção de leite na América do Sul atingiu cerca de 67 milhões de toneladas em 2023, o que representa 7% do volume global.

Apesar da relevância, o setor revela contrastes profundos entre os países em termos de produtividade, estrutura fundiária e competitividade, segundo análise baseada em dados do IFCN (International Farm Comparison Network), sob o padrão SCM.

O Brasil lidera o ranking regional com 52% da produção total, seguido pela Argentina (17%), Colômbia (11%) e Equador (8%). No entanto, os números absolutos escondem realidades muito distintas entre os países.

Crescimento desigual

Entre 2019 e 2023, Argentina e Uruguai apresentaram crescimento médio anual de 3,2% e 2%, respectivamente, enquanto o Brasil teve um crescimento estagnado de apenas 0,4% ao ano. Equador e Paraguai, por sua vez, registraram quedas significativas na produção: -4,7% e -3,8% ao ano.

Escala e eficiência: vantagem de poucos

A escala produtiva tem sido um fator-chave de competitividade. Argentina e Uruguai se destacam por contar com fazendas com mais de 120 vacas, logística mais eficiente e maior profissionalização. Em 2023, propriedades argentinas superaram 3.000 kg de leite por dia e as uruguaias ultrapassaram 2.000 kg/dia.

O Chile também mostrou bom desempenho, com produção média de quase 800 kg/dia por fazenda, enquanto o Paraguai chegou aos 500 kg. Nos demais países analisados, a produção diária por propriedade não passa de 105 kg.

Produtividade por vaca: extremos regionais

No ranking de produtividade por vaca, Argentina, Chile, Uruguai e Equador lideram com mais de 6.000 kg/ano.

O Equador, mesmo com predominância de pequenas propriedades em áreas montanhosas, está em transformação: entre 2019 e 2023, o número de fazendas caiu 16% ao ano, enquanto a média de vacas por propriedade cresceu 20% ao ano.

Paraguai e Bolívia apresentam níveis intermediários (4.000 a 6.000 kg/vaca/ano), enquanto Brasil, Colômbia e Peru têm os menores índices — abaixo de 3.000 kg/vaca/ano.

Brasil: gigante em volume, frágil em produtividade

Apesar de ser o maior produtor da região, o Brasil enfrenta gargalos estruturais. A média nacional é de apenas 14 vacas por fazenda, com produção diária de 84 kg por propriedade. A produtividade por vaca ficou em 2.232 kg/ano em 2023.

Contudo, dados da Embrapa Gado de Leite revelam que cerca de 185 mil propriedades — que concentram 30% do rebanho — são responsáveis por mais de 80% da produção nacional. Estas apresentam desempenho comparável ao da Argentina e do Uruguai, com mais de 5.000 kg/vaca/ano.

Essa dualidade revela dois perfis bem distintos e impõe ao país o desafio de políticas públicas adaptadas: incentivo à profissionalização das pequenas propriedades e apoio à competitividade dos sistemas mais avançados.

Exportações puxadas por Argentina, Uruguai e Paraguai

No cenário de exportações, Argentina e Uruguai são os principais players. O Uruguai exporta cerca de 65% de sua produção e a Argentina, 17%, mesmo enfrentando desafios macroeconômicos. O custo de produção argentino é cerca de 20% menor que a média global, o que reforça sua competitividade.

O Paraguai também apresentou superávit: exportou 11% do leite produzido em 2023. O Brasil é o principal destino das exportações sul-americanas, absorvendo metade do volume exportado.

Concentração produtiva e perda de protagonismo

A América do Sul vem perdendo espaço no cenário global, com participação caindo de 8,8% em 2014 para 7% em 2023. A tendência é de concentração: menos fazendas, mas mais produtivas. Ao mesmo tempo, o consumo interno cresce de forma desigual, influenciado por aspectos econômicos e de infraestrutura, o que afeta diretamente o desempenho das exportações e importações.

A evolução da cadeia láctea no continente depende da superação dessas assimetrias, com foco em políticas integradas, incentivo à profissionalização e investimentos em inovação para garantir competitividade sustentável no longo prazo.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Presente Rural

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