Custos de produção recuaram, mas perdas com estiagem e queda em valores pagos pelo litro de leite leva produtores a abandonar a atividade, afirma dirigente.
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Calculado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o Índice de Insumos para a Produção de Leite Cru (ILC) mostrou deflação de 5,47% em fevereiro na comparação com o mês anterior, reforçando a tendência observada nos meses anteriores.

O recuo, segundo a assessoria econômica da entidade, é resultado de fatores como o início da colheita de verão no Centro-Oeste brasileiro – a perspectiva de safra recorde de grãos no país pressionou para baixo os preços da soja e do milho.

A trégua nos custos da atividade leiteira, porém, não significou uma melhora nas margens de rentabilidade dos pecuaristas, afirma o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag-RS), Eugênio Zanetti.

O item que tem maior impacto das despesas do setor é a ração animal, cujos preços se mantiveram “firmes” no mês passado, explica o dirigente.

Desde agosto do ano passado, os produtores vêm registrando queda dos valores pagos pelo litro de leite. “Hoje, o preço está próximo e, em alguns casos, até abaixo do custo de produção.

Para 2023, espera-se que o consumo reaja com os programas de transferência de renda e que a cadeia produtiva possa tomar um fôlego”, destaca Zanetti, que é também vice-coordenador do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado (Conseleite-RS).

O colegiado se reúne nesta terça-feira (28) para projetar o preço de referência do leite para este mês. Em janeiro, o valor prospectado foi de R$ 2,1592 o litro, 1,9% abaixo do consolidado em dezembro de 2022.

Na reunião do Conseleite de fevereiro, os números não foram divulgados. Segundo Zanetti, a estiagem que castiga o Rio Grande do Sul afetou a captação diária de leite, levando produtores a abandonar a atividade leiteira e migrar para outras alternativas, como a pecuária de corte e o cultivo de grãos. “A produção de silagem foi de baixíssima qualidade.

A oferta de água para os animais ficou comprometida em algumas regiões. Portanto, a captação tende a permanecer em patamares baixos”, afirma.

No acumulado dos dois primeiros meses deste ano, o ILC fechou com deflação de 5,16%. Esse resultado, afirma a Assessoria Econômica da Farsul, está alinhado com as expectativas já verificadas no Índice de Inflação do Custo de Produção (IICP) do período.

A entidade mostra preocupação com o cenário econômico nacional. “O cenário inicial pode até parecer favorável para uma retomada das margens do setor em 2023. Entretanto, (…) ainda é cedo para afirmar que não deveremos observar um novo cenário inflacionário este ano”, avaliou a Assessoria Econômica, em nota.

Nos últimos 12 anos, o ILC registrou deflação de 13,95%.

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