Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o valor dos fertilizantes subiu mais de 100%, de janeiro a setembro deste ano. No período, os preços da ureia, do MAP (fosfato monoamônico) e do KCL (cloreto de potássio) subiram 70,1%, 74,8% e 152,6%, respectivamente. A forte alta se deve a uma combinação de preços internacionais elevados, grande demanda, escassez da oferta mundial e problemas logísticos. E como se trata de componentes fundamentais para o plantio das safras agrícolas, os custos da produção agropecuária foram para as alturas.
Fernando Tinoco diz que o ideal é que a migração do sistema tradicional para o agroecológico seja feita com o acompanhamento de um profissional da área, como os extensionistas da Emater-MG. Mas o coordenador dá algumas orientações para o produtor que trabalha no modo tradicional e está interessado em adotar técnicas agroecológicas.
“Ele pode iniciar fazendo a compostagem, que é a decomposição de materiais orgânicos. Como adubo de plantio, dá para fazer a mistura de esterco de vaca ou galinha, palhada (bagaço de cana ou capim picado) e /ou acrescentar minerais. Para algumas culturas, a gente pode usar a mistura não só para o plantio, como também na adubação de cobertura”, explica.
Já os biofertilizantes líquidos são mais indicados como adubos de cobertura. “O mais simples e fácil de preparar são os biofertilizantes a base de esterco fresco de vaca e de cama de frango, acrescido também de alguns minerais, dependendo da cultura. Aí deixamos fermentar em caixas plásticas ou bombonas por um período aproximado de 30 dias”, diz Tinoco.
Bioinseticidas
A compostagem leva cerca de 90 dias para fermentar e estar apta para o uso. Tinoco explica que não é bom usar o esterco fresco diretamente na planta, por ter algumas bactérias e outros microrganismos que podem contaminar os alimentos.
“Além de serem utilizados como adubo foliar e de cobertura, os biofertilizantes também são considerados repelentes de insetos pelo forte cheiro. Eles ajudam ainda no aumento da vida do solo, pois a flora microbiana possibilita a melhor liberação e absorção de minerais do solo, que antes estavam pouco disponíveis. Com isso, melhora a absorção desses elementos pelo sistema radicular das plantas e, com o passar do tempo, elas se tornam mais vigorosas e produtivas”, argumenta Tinoco.
Nos últimos anos, no Brasil, tem crescido bastante o uso de bioinsumos. Além de compostos orgânicos, há micro-organismos utilizados para o controle de pragas e doenças, que também integram a linha agroecológica. Também entram nessa família a criação e multiplicação de insetos, fungos e bactérias que são usados no controle de pragas e doenças, em substituição aos agrotóxicos.
“Hoje em dia, existem muitos produtores no país, inclusive de grandes fazendas, eliminando gradativamente ou na totalidade os defensivos e insumos químicos. E o que vemos é que eles estão obtendo excelentes resultados, diminuindo custos de produção e, em muitos casos, melhorando até mesmo a produtividade”, assegura Tinoco.