O aumento é resultado de um acordo feito entre produtores de leite e entidades representantes das indústrias de laticínios do Estado, após um grupo de fornecedores de matéria-prima ameaçar realizar um protesto neste sábado, 4.
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Negociação acabou com criação de Conseleite-CE e pagamento de mais R$ 0,10 por litro de leite in natura(foto: DAVI PINHEIRO / GOV DO CEARA)

Os produtores de leite, a partir do próximo dia 16, começam a receber R$ 0,10 a mais em cada litro de leite vendido para as empresas produtoras de laticínios. Com isso, a média regional paga pelo leite no Ceará, que era de R$ 2,31 por litro, passa a ser R$ 2,41. Os preços mínimo e máximo, R$ 1,80 e R$ 2,61, passam a ser R$ 1,90 e R$ 2,71, respectivamente.

O aumento é resultado de um acordo feito entre produtores de leite e entidades representantes das indústrias de laticínios do Estado, após um grupo de fornecedores de matéria-prima ameaçar realizar um protesto neste sábado, 4, em frente a sede da Betânia Lácteos, no município de Morada Nova (a 168 km de Fortaleza).

Além dos R$ 0,10, também foi acordada a criação do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite-CE). O órgão servirá de indexador de preços, conforme constava na pauta de reivindicações dos produtores, e terá os mesmos moldes dos conselhos que já existem nos estados de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

Derrama de leite cancelada

Maior produtora do Estado, com 70% de toda a produção industrializada de laticínios do Ceará, segundo o Sindicato da Indústria de Lacticínios e Produtos Derivados do Estado do Ceará (Sindlacticínios), a Alvoar Lácteos Nordeste S/A, detentora da marca Betânia, informou por meio de nota que está de acordo com as decisões tomadas pelo Sindlacticínios e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) em relação à criação do Conseleite-CE e do aumento de R$ 0,10.

Os produtores planejavam um protesto na frente da indústria da Betânia em Morada Nova, neste sábado, 4 de fevereiro. A intenção era que 2 mil produtores impactos pelo baixo preço pago pelo leite in natura fizessem uma derrama do produto em ato contra a falta de negociação da empresa. O protesto foi cancelado após o acerto do reajuste de R$ 0,10.

Por sua vez, o presidente do Sindilacticínios, José Antunes Mota, defendia o reajuste ao produtor apontando que mesmo com a redução recente no preço do litro do leite ao consumidor observada, o produto acumula valorização de 29% entre janeiro de 2022 e janeiro deste ano. A reunião que selou o acordo foi realizada nesta sexta-feira, 3, pelo Sindlacticínios, em Quixeramobim, com representantes de laticínios e produtores.

Atuação do conselho

Mota destaca que as divergências foram contornadas e que o Conceleite-CE terá representantes de universidades e da Secretaria Estadual das Fazenda (Sefaz-CE), e outras representações que tenham a ver com o tema.

Além da regulação do preço, ele explica que o conselho também poderá atuar no combate a entrada e venda de produtos derivados do leite de forma clandestina no Ceará.

“Esses produtos chegam do Pará e do Tocantins com preços muito inferiores aos que conseguimos comercializar os nossos e acabam nas mesas dos consumidores, sem nenhuma garantia de procedência e segurança para a saúde. Isso também faz com que nossos produtos caiam de preço e atinjam o produtor que é certificado.”

Entenda os motivos da mobilização dos produtores

Conforme o grupo de produtores que organizavam um protesto, o preço pago pelo litro do leite pela Alvoar estava sofrendo reduções seguidas e injustificáveis e impactado a economia das regiões produtoras de leite do Ceará.

Eles também afirmavam que o alto custo de produção associado aos baixos preços pode inviabilizar a atividade. “Enquanto o preço do leite baixou, a ração subiu. Pago R$ 10 a saca, mas gasto R$ 12 no total para alimentar uma vaca. Estamos sempre operando no vermelho e daí a razão do nosso protesto”, argumenta o produtor Pedro Girão de Morada Nova. (Com Adriano Queiroz)

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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