Fazendas certificadas com o selo Bem-Estar Animal também apresentam desempenho superior às demais fazendas analisadas no IILB-9.

Produtores de leite supereficientes estão alargando sua vantagem de produtividade em relação às fazendas geridas profissionalmente do Brasil. Segundo a 9ª edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB-9), que avaliou 1.130 rebanhos leiteiros no país, os produtores que se colocam entre os 10% mais eficientes são melhores que a média dos produtores em todos os 12 indicadores-chave da publicação, sendo que em seis deles apresentam diferenças de eficiência superiores a 20%. “Em 2018, a diferença de 20% era presente em apenas dois desses indicadores”, diz Heloise Duarte, diretora de Operações da Ideagri e responsável pelo levantamento. “Os bons, sejam pequenos, médios ou grandes, estão ficando mais eficientes e crescendo”, afirma ela.

Os dados do IILB-9 indicam, por exemplo, que a produção de leite das 1.130 fazendas avaliadas foi de 23,44 litros por vaca por dia, contra 28,76 litros/vaca/dia das fazendas classificadas entre as 10% melhores do grupo, uma diferença de 22,7% em favor das mais eficientes. Nas fazendas Top 10% do IILB, a taxa de prenhez (o número de vacas que emprenham em relação ao número de vacas aptas a emprenhar) é 47,0% maior. E nas fazendas Top 10%, vacas e bezerras morrem menos e iniciam seu período de lactação mais cedo. “Quando você soma todas essas vantagens, o diferencial em termos de negócio é gigante”, afirma ela.

Os 1.130 rebanhos analisados no IILB-9 somam 298 mil matrizes, responsáveis pela produção de 5,8 milhões de litros de leite por dia (ou 2,1 bilhões de litros por ano, o equivalente a 6,3% de todo o leite do país). Isso quer dizer que são fazendas com um grau razoável de gestão. Para participarem do levantamento, precisam gerar números com regularidade, o que só fazendas que usam softwares de gestão (o software Ideagri, no caso) conseguem fazer. “Se a diferença de produtividade entre as fazendas tecnificadas está assim, imagine o que deve acontecer entre essas e aquelas em que a gestão não existe ou não é ideal”, alerta Heloise Duarte.

O IILB também oferece um índice geral calculado por média ponderada dos 12 indicadores de produtividade. No IILB-9, os top 10% alcançaram nota de 7,27 pontos, em 10 possíveis. “O lado positivo é que todos os produtores estão melhorando um pouco”, diz Heloise Duarte. “Na média, o índice alcançou 4,50 pontos, a melhor pontuação desde março de 2019, quando o IILB foi lançado e quando o índice foi de 3,94 pontos”, lembra ela.

O IILB-9 comprova o que vem sendo mostrado por outros dados estatísticos do setor do leite. O levantamento TOP 100, realizado pela Milkpoint e que ranqueia os 100 maiores produtores de leite do Brasil, descobriu, por exemplo, que a “linha de corte” do centésimo colocado em 2020 foi a produção de 11.823 litros de leite por dia, 16% superior aos 10.200 litros/dia do centésimo colocado em 2019. “Há uma crescente concentração no setor do leite, o que já notamos em outros países”, afirma Heloise. “Produtores sem gestão profissional encontrarão cada vez mais dificuldades para se manterem economicamente viáveis no setor”, diz Heloise Duarte.

Bem-estar animal

Nesta 9ª edição, o IILB traz uma análise adicional, comparando dados de eficiência de fazendas com o selo Bem-Estar Animal, concedido pelo programa de certificações #bebamaisleite. “O resultado confirma o que prevíamos: há ganhos de eficiência e qualidade nas fazendas certificadas”, informa Heloise Duarte. “Isso é importante porque o conceito de boas práticas produtivas ganha força na opinião pública e já há consumidores dispostos a comprar produtos certificados com esses quesitos.”

Entre os rebanhos avaliados no IILB-9 estão nove fazendas certificada e estas, coletivamente, alcançaram nota média geral de 5,31 pontos, 18% melhor em relação à nota média geral do IILB-9 (4,50 pontos). Isso indica que o desempenho médio geral das fazendas certificadas foi superior à média geral das 1.130 fazendas avaliadas no IILB-9.

Um dos indicadores que destaca as fazendas certificadas das demais é a taxa de mortalidade de vacas (19%), significativamente menor. “Esta diferença é um indicativo de que fazendas que oferecem boas práticas de conforto e bem-estar animal para as matrizes podem obter maior longevidade para os animais”, explica Heloise.

Outra diferença: a taxa de prenhez nas fazendas certificadas é 18% superior à média geral do IILB-9. A taxa de prenhez engloba a taxa de concepção e a taxa de serviço e reflete, de forma muito clara e rápida, o resultado de todos os manejos da fazenda, não só os reprodutivos. Além disso, tem enorme impacto na rentabilidade do sistema de produção. “Cada dígito a mais nesse importante indicador deve ser avaliado de forma muito positiva”, avalia a diretora da Ideagri.

Heloise Duarte aponta também a taxa de sobrevivência de bezerras, importante indicador no qual as fazendas certificadas apresentam números 8,38% melhores. “A cada 100 bezerras nascidas nos rebanhos certificados, 11,70 morrem antes de completar um ano, enquanto na média geral, morrem 12,77 a cada 100”, compara ela. “O saldo é de uma bezerra viva a mais, a cada 100, nos rebanhos certificados.”

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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