Os produtores de leite e o Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Goiás (Sindileite) vão intensificar o debate para buscar a previsibilidade do preço do produto e a antecipação do pagamento.

Os produtores de leite e o Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Goiás (Sindileite) vão intensificar o debate para buscar a previsibilidade do preço do produto e a antecipação do pagamento. A ideia é envolver também os grandes laticínios e o comércio varejista na discussão.

Isso foi o que ficou acertado durante audiência pública promovida pelo deputado Amauri Ribeiro, no último dia 28, na Assembleia Legislativa de GO. A reunião foi uma reivindicação dos pequenos produtores de leite goiano, informou o parlamentar.

Segundo o deputado, o objetivo da reunião, que contou com a participação de produtores de leite de 18 municípios goianos, foi o de debater a necessidade de uma discussão entre os produtores de leite, os laticínios e o comércio varejista.

“Hoje, o pequeno produtor de leite não vende seu produto, ele entrega. Ou seja, ele entrega o leite para os laticínios sem saber o preço que será pago e só recebe 45 dias depois”, diz o parlamentar, ressaltando que não há segurança para se produzir leite em Goiás.

Por isso, destacou o deputado, é imprescindível ampliar essa discussão com todos os elos envolvidos a fim de chegarem a um acordo satisfatório e lucrativa para todas as partes.

“O mínimo que queremos é respeito. Precisamos trabalhar com segurança. Nunca tivemos segurança para produzir leite. Isso tem que acabar. Precisamos ter estabilidade no nosso ganha-pão. Nós produzimos alimento”, enfatiza Amauri.

Um dos poucos representantes da indústria de laticínio na audiência pública, o diretor-executivo do Sindileite, Alfredo Luiz Correia, elogiou a iniciativa do deputado Amauri de promover o debate sobre a comercialização do leite e se comprometeu a participar do movimento para ampliar a discussão.

“Sozinho, não tenho força, mas gostaria que nós nos comprometêssemos a convidar nossos pares para a discussão. O diálogo franco e aberto é importante. Havendo boa vontade dos dois lados, é natural que conseguimos alguns avanços na comercialização do leite. O Sindileite faz parte de um sistema sólido, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), e estamos abertos para buscar uma solução”, disse Alfredo.

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Deputado Amauri Ribeiro contribui para o diálogo na cadeia de lácteos – Valdir Araújo/Alego

Diálogo

Um dos 100 maiores produtores de leite do Brasil, Reinaldo Carlos Figueiredo também cumprimentou o deputado Amauri pela iniciativa e destacou que é preciso muito diálogo para resolver esse impasse. “Juntos, produtores e indústria têm condições de fazer com que o elo do leite seja aprimorado como um todo. Afinal, estamos no final da cadeia.”

Diretor Institucional da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH) e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Reinaldo Figueiredo entende que a grande vilã dessa história é a rede varejista.

“Os supermercadistas fazem do leite um chamariz, colocando o preço do produto lá embaixo, forçando a indústria a praticar preços reduzidos. Com tudo isso, o produtor é o maior prejudicado. Mas entendo que debate como esse é salutar para evoluirmos. Até mesmo para que o produtor, que praticamente não tem voz nessa negociação, seja ouvido”, afirmou Figueiredo.

Também presente na audiência, o secretário de e Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Antônio Carlos de Souza Lima Neto, garantiu que um dos objetivos principais da pasta é buscar fortalecer todas as iniciativas que promovam o desenvolvimento do estado.

“Sabemos a grande importância que a cadeia produtiva de leite tem em Goiás.  E esse é um pleito antigo e histórico. Goiás já foi o segundo maior produtor de leite no Brasil e hoje ocupa o quarto lugar. Quando visualizamos as oportunidades que temos aqui, somos convocados a participar de ações como essa e buscar uma solução para essa questão”, avaliou o secretário.

Enel

Durante a audiência pública, grande parte do grupo de produtores rurais reclamou que, além dos problemas próprios da cadeia produtiva, ainda sofrem com problemas no fornecimento de energia. “Fazemos diversos investimentos para a rede de energia e o mínimo que devíamos ter era um serviço de qualidade e isso não ocorre. Já chegamos a ficar dias sem energia elétrica. Isso atrapalha ainda mais a nossa produção”, reclamou a produtora Maria Magna.

O deputado Amauri disse que vem cobrando melhoria do serviço oferecido pela Enel, durante as reuniões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel, que investiga as ações da empresa no estado. “Fizemos apenas uma proposta para Enel: ou ela melhora o serviço ofertado ou terá que deixar o estado”, informou.

Também participaram da audiência o presidente da Agrodefesa, José Essado, e o presidente da Comissão de Leite da Faeg, José Renato.

O Governo do Estado do Piauí anunciou, na última quinta-feira (9), a lista de produtos essenciais que estarão isentos de impostos a partir de 1º de abril de 2025.

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