A produção de leite em Mato Grosso do Sul enfrenta desafios, mas também mostra caminhos claros para o fortalecimento do setor.
Durante a 3ª Comitiva Leite Ativo, realizada em Nova Andradina, e nas recentes propostas apresentadas na Assembleia Legislativa, ficou evidente que o futuro da cadeia leiteira passa pela união dos produtores, pela eficiência produtiva e pelo apoio de políticas públicas consistentes.
O evento, organizado pela Frente Parlamentar do Leite e liderado pelo deputado estadual Renato Câmara, reuniu produtores, técnicos e lideranças rurais para discutir alternativas ao declínio produtivo — uma queda de 370 milhões de litros em 2014 para cerca de 190 milhões atualmente.
No centro das discussões esteve o ProLeite, programa estadual criado para incentivar o melhoramento genético, o associativismo e o suporte técnico e financeiro aos produtores.
Câmara destacou que “produzir mais e lucrar melhor é o caminho” e defendeu a criação de políticas públicas duradouras, capazes de garantir previsibilidade “da porteira para dentro” e equilíbrio “da porteira para fora”.
O parlamentar também alertou sobre a concorrência desleal com o leite importado do Paraguai e de outros estados, que muitas vezes chega ao mercado a preços inferiores ao custo local de produção.
“Um produtor isolado tem um valor; uma associação tem outro. Quando os produtores se unem, ganham voz e força para defender seu produto e sua renda”, enfatizou o deputado.
Entre as autoridades presentes, o prefeito Leandro Fedossi reforçou que o trabalho conjunto entre município, Estado e produtores é essencial para aumentar produtividade e rentabilidade. Ele agradeceu o apoio do governador Eduardo Riedel, destacando o papel da Agraer na assistência técnica e no fortalecimento da agricultura familiar no Vale do Ivinhema.
A comitiva também contou com a presença de representantes da Semadesc, do Silems e da Associação Estadual do Leite, confirmando que o setor segue mobilizado em busca de soluções conjuntas. O ambiente foi de cooperação e esperança: transformar demandas em ações concretas é o objetivo, e o diálogo entre campo e governo parece finalmente ganhar tração.
No mesmo espírito de fortalecimento da cadeia, o deputado estadual José Carlos Barbosa Caravina (PSDB) apresentou na Assembleia uma proposta para reduzir a carga tributária sobre o leite in natura fornecido por pequenos produtores aos laticínios. A medida busca equilibrar os custos e tornar o produto mais competitivo, especialmente diante dos incentivos fiscais já praticados em estados como Paraná e Goiás.
Segundo Caravina, o objetivo é garantir preços mais justos ao produtor e impedir a perda de competitividade da cadeia sul-mato-grossense. “Produtores de assentamentos e pequenas propriedades vêm enfrentando sérias dificuldades por conta do baixo preço do litro do leite e do aumento dos custos de produção, como ração, energia e mão de obra”, explicou.
Ele destacou que o leite é uma das principais fontes de renda para milhares de famílias do interior e um pilar da economia rural do Estado. “Apoiar quem produz é investir no futuro de Mato Grosso do Sul”, afirmou. A proposta foi encaminhada ao governador e ao secretário de Fazenda, que deverão avaliar sua viabilidade técnica e econômica.
A soma das duas iniciativas — a mobilização da Comitiva Leite Ativo e a proposta de incentivo fiscal — reforça um mesmo diagnóstico: sem união e políticas públicas de longo prazo, o setor leiteiro perde força. Mas também deixa uma mensagem clara de esperança.
O Mato Grosso do Sul tem tradição, capacidade produtiva e vontade política para recuperar espaço no mapa leiteiro do Brasil. A combinação de eficiência na produção, justiça tributária e associativismo pode transformar o cenário e devolver competitividade ao campo.
No fim, a voz dos produtores ecoa mais forte quando encontra apoio institucional. E, neste momento, tanto a Frente Parlamentar do Leite quanto o governo estadual parecem olhar na mesma direção: produzir mais, lucrar melhor e garantir dignidade a quem vive do leite.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de A Crítica de Campo Grande e Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul