A Embrapa Clima Temperado investe numa estrutura de laboratório de análises de qualidade de leite das mais sofisticadas para pesquisa pública no tema, sendo considerada uma das melhores do País.
LEITE
"Novas estruturas para análise de qualidade do leite serão voltadas especialmente para subsidiar informações para pesquisa agropecuária, de forma inédita."
A ampliação e reforma de infraestrutura de pesquisa – investimento na ordem de 5,3 milhões –  é direcionada à atividade leiteira, sendo construídos dois laboratórios na Estação Experimental Terras Baixas, localizada no Capão do Leão.
Nas novas estruturas serão realizadas investigações de alto impacto para melhoria da qualidade e segurança do leite. A ação será oficializada através da assinatura de obras entre o Programa Leite Seguro e a Unidade de Pesquisas, no próximo dia 19.
Estão em processo de obras o Laboratório de Qualidade do Leite para pesquisa de resíduos e contaminantes, anexo ao atual laboratório de leite, que é credenciado na  Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e acreditado no Inmetro; e o Laboratório de Campo do  Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento em Pecuária Leiteira (Sispel) para fim de estudos de sistemas de produção e indicadores zootécnicos na atividade leiteira,  capacitação de técnicos e produtores no Sispel.
As obras estão em andamento e há uma previsão de conclusão das duas estruturas até dezembro de 2024.
Segundo a pesquisadora Maira Zanela, integrante do grupo de pesquisa em leite, a demanda surgiu pela necessidade de qualificação da estrutura de pesquisa, visando o desenvolvimento de tecnologias para sistemas de produção com Compost Barn, nutrição de precisão, ambiência, qualidade e segurança do leite.
O que se faz de análises hoje no Laboratório de Qualidade
Maira Zanela conta que a Unidade de Pesquisas, em Pelotas, possui um Laboratório de Qualidade do Leite, credenciado na RBQL/Mapa, que realiza análises de composição (teores de gordura, proteína bruta, lactose, sólidos totais), contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite, dos produtores que fornecem para indústrias lácteas, conforme a legislação – Instruções Normativas 76 e 77.
A partir da conclusão e ativação dos dois laboratórios será possível ir mais além. Pois as novas estruturas terão foco em pesquisa de ponta e futuramente poderão prestar serviço à sociedade. “Será possível fazer uma pesquisa mais refinada e qualificada, melhorando a produção, qualidade e segurança do leite”, disse Zanela.
Como serão as futuras análises 
Laboratório de Qualidade do Leite fará análises cromatográficas, sendo que dois cromatógrafos já foram adquiridos pelo Programa Leite Seguro. Atualmente, na plataforma das indústrias são utilizados kits rápidos que identificam a presença ou ausência de resíduos de antimicrobianos no leite (teste qualitativo).
“No caso da ampliação da infraestrutura analítica do Laboratório de Qualidade do Leite, o uso dos cromatógrafos permite a identificação mais precisa, indicando o princípio ativo presente e  quantificando a  sua presença”, explicou Zanela. Esses equipamentos possibilitam também a validação dos kits rápidos utilizados pela indústria considerando as condições regionais de produção e qualidade do leite, além de possibilitar aos produtores identificar animais que demoram mais tempo para eliminar o resíduo.
Ela comentou que a resistência de bactérias a antimicrobianos é uma das principais preocupações mundiais relacionadas à saúde única (animal e humana), e são necessárias pesquisas para identificar a resistência bacteriana aos princípios ativos, visando o uso prudente de antimicrobianos.
“O uso indiscriminado aumenta o risco da presença de resíduos no leite. A identificação dos animais que apresentam resultado positivo é fundamental para evitar que esse leite seja destinado ao beneficiamento, melhorando a segurança dos produtos lácteos”, diz a pesquisadora.
Com essas análises cromatográficas será possível tornar a cadeia produtiva mais eficiente, produzindo um alimento mais seguro, trabalhar a temática de forma sistêmica e integrada, assim como, gerar novas recomendações de manejo.
Outro ponto levantado é que estas análises cromatográficas poderão ser utilizadas futuramente para outros alimentos e produtos, mas o fundamental é qualificar o leite.
Cristiane Betemps - Novas estruturas para análise de qualidade do leite serão voltadas especialmente para subsidiar informações para pesquisa agropecuária, de forma inédita.
Photo: Cristiane Betemps
Laboratório de campo do Sispel
OLaboratório de Campo do Sispel é a segunda estrutura a ser implementada na Unidade de Pesquisas. No Sispel, a estrutura atual que abriga o rebanho experimental, o “Free Stall” passará por uma reforma (área para confinamento de rebanhos leiteiros, com camas individualizadas, área de manejo, corredores de acesso, etc). As novas instalações terão uma sala de capacitação, para atender grupos de cerca de 40 pessoas e uma sala para apoio para os bolsistas de pesquisa.
Na nova estrutura haverá também um módulo para pesquisa de nutrição de precisão. “Hoje temos apenas estimativas sobre a quantidade de alimento e água consumidos pelos animais. Com este aporte, vamos mudar completamente nossas investigações, com a instalação de cochos eletrônicos (já adquiridos pelo projeto Leite Seguro), com balanças de precisão que pesam o consumo do alimento e de água de forma individualizada e em cada refeição dos animais em experimentação”, pontuou Zanela.
Outra parte da estrutura contará com a instalação de um sistema de “Compost Barn”, que é uma estrutura de confinamento, que apresenta menor custo de instalação, na qual os animais ficam soltos, em cima de uma cama de maravalha ou outro material orgânico, melhorando o bem-estar animal.
“Para nossa região não há pesquisas neste sistema, apenas a região de pecuária tropical realiza esse monitoramento. Então, nós temos grandes desafios de pesquisa considerando a elevada umidade presente na região Sul, como o tipo de cama ideal, como será a manutenção, a sanidade desses animais, a produção, o conforto dos animais e a qualidade do leite”, ponderou Zanela. Serão utilizados cerca de 35 animais para esse espaço de experimentação.
Para o zootecnista Rogério Dereti, também integrante do grupo de pesquisa em leite, a reestruturação do Laboratório de Campo permitirá a ampliação das pesquisas em sistemas de alojamento e criação, com a construção de um “Compost Barn” ao lado do free-stall existente.
Temas como ambiência, bem estar animal e nutrição de precisão poderão ser melhor pesquisados, com novas possibilidades de projetos nas áreas de sanidade animal, qualidade e segurança do leite a partir da nova estrutura. Além disso, “os novos laboratórios permitirão avanços no conhecimento e desenvolvimento de soluções para questões importantes como a relação entre protocolos de uso de antimicrobianos  e a ocorrência de resistência aos antimicrobianos, formas de minimizar o risco  e monitoramento da ocorrência de resíduos no leite”, diz Dereti.
Assinatura das Obras do Programa Leite Seguro
A ampliação e qualificação da estrutura de pesquisa em leite – a maior da região Sul do país – traz uma vantagem competitiva e reposiciona a Unidade de Pesquisas no contexto de parcerias para a inovação aberta. Dessa forma será oficializada a assinatura dessas obras do Programa Leite Seguro, no dia 19 de março, às 14h, no estande institucional da Empresa, no Parque de Exposições da Afubra, em Rio Pardo/RS, durante o ato oficial de lançamento de tecnologias e consolidação de parcerias da Embrapa. Assinarão o documento os parceiros do Programa Leite Seguro que são a Embrapa e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Rio Grande do Sul (LFDA/RS) e as empresas responsáveis pelas obras, a Signor Concretos Ltda e a Herbstrith Engenharia.
O Programa
O Programa Leite Seguro é um projeto em parceria entre a Embrapa Clima Temperado e o LFDA, financiado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, junto ao Fundo de Direitos Difusos do Consumidor. Tem como objetivo: “Desenvolver e implementar programa sistêmico, integrado e inteligente para maximizar a segurança, qualidade e integridade do leite e derivados no Sul do Brasil (RS, SC e PR), visando a alimentação saudável e a proteção da saúde do consumidor de lácteos”.
Nele, estão incluídas ações de pesquisa, transferência de tecnologias e comunicação, que envolvem toda a cadeia produtiva, desde o produtor de leite ao consumidor de lácteos. O Programa foi prorrogado até novembro.

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Phone number: 53 3275-8508

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