ESPMEXENGBRAIND
2 jul 2025
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Consumo de proteínas adicionadas cresce no País, impacta do campo à indústria e acelera investimentos em leite de maior qualidade.
Proteínas. O Brasil ainda está atrás em comparação a mercados como EUA e Europa, mas o potencial de crescimento é enorme.
O Brasil ainda está atrás em comparação a mercados como EUA e Europa, mas o potencial de crescimento é enorme.

A febre global das proteínas adicionadas chegou de vez ao Brasil e está transformando o agro, a indústria láctea e o comportamento do consumidor.

Se antes esse movimento parecia restrito às academias e influenciadores fitness, hoje já movimenta bilhões, influencia portfólios de gigantes da alimentação e acelera a busca por leite de maior qualidade.

De barrinhas e iogurtes a snacks, refrigerantes e até pipocas e risotos, a proteína adicionada virou tendência consolidada nas prateleiras, nos aplicativos de delivery e, agora, também nos investimentos.

Segundo dados da Euromonitor, o mercado de produtos com proteínas adicionadas já movimenta R$ 2 bilhões por ano no Brasil. O impulso vem da busca por saúde, envelhecimento ativo, alta nas atividades físicas e o boom de medicamentos para emagrecimento, como o Ozempic, que exigem maior reposição proteica.

Leite com mais sólidos: prioridade no campo

Esse movimento está gerando impactos diretos no campo brasileiro, especialmente no setor lácteo. Segundo Andrés Padilla, analista sênior do Rabobank, há uma mudança clara de paradigma: “A indústria, no mundo todo, incentiva o produtor a elevar o teor de proteínas do leite. Aqui, não é diferente”, afirma.

Hoje, a maior parte da proteína adicionada usada no Brasil, principalmente whey protein, ainda é importada. Dados da Secretaria de Comércio Exterior apontam que as compras de concentrados de proteínas e complementos alimentares cresceram 38% entre 2023 e 2024.

Para reduzir essa dependência e aproveitar a tendência, indústrias brasileiras correm para qualificar a produção nacional. Exemplo disso é a nova fábrica da Piracanjuba no Paraná, dedicada à produção de WPC (concentrado de proteína do soro do leite) e WPI (proteína isolada do soro).

“A suplementação de proteínas não tem volta. Estamos investindo na cadeia para atender essa demanda”, afirma Wesley de Pádua Barbosa, diretor de Nutrição da Piracanjuba.

O desafio passa, principalmente, pelo teor de sólidos do leite. Enquanto o leite da Nova Zelândia tem, em média, 14,5% de sólidos e o dos Estados Unidos, 13,5%, o Brasil segue com cerca de 12%.

Segundo Marcel de Barros, CEO da Tirolez, melhorar esse índice exige investimento em alimentação, manejo e genética do rebanho. “Houve avanços, mas tímidos. Precisamos acelerar”, diz.

Programas para valorizar o produtor

Grandes indústrias como Danone, Nestlé e Piracanjuba já mantêm iniciativas para estimular os produtores. A Danone oferece a Jornada Flora, que concede crédito e insumos com desconto, além de bonificações de até R$ 0,20 por litro para quem entrega leite com maior qualidade.

A Nestlé, com o programa Regenera, também aposta na qualificação e na agricultura regenerativa. Já a Piracanjuba opera o ProCampo, iniciativa que será ampliada com a nova planta de proteínas no Paraná.

Consumo explodindo e oportunidades no agro

Nos Estados Unidos, o consumo de proteínas adicionadas não para de crescer. Pesquisa da Cargill revela que 61% dos americanos aumentaram o consumo desses produtos em 2024, enquanto 63% buscam ativamente snacks com proteína.

Esse fenômeno se reflete no Brasil. Segundo o Radar Scanntech, as vendas de barrinhas de proteína cresceram 20% nos primeiros cinco meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já as embalagens de bebidas proteicas tiveram alta de 9,7% em 2024, conforme dados da Tetra Pak.

Empresas como Nestlé Health Science e Danone ampliam portfólios. A Nestlé destaca as linhas Nutren Senior e os capuccinos proteicos Nescafé. Já a Danone aposta em YoPRO, Nutridrink e Danone Mais, monitorando a proteína como tendência estratégica.

“O Brasil ainda está atrás em comparação a mercados como EUA e Europa, mas o potencial de crescimento é enorme”, afirma Gustavo Alvarez, diretor de Pesquisa e Inovação Latam da Danone.

Proteína também é negócio

Além da transformação no campo e na indústria, o interesse pelas proteínas adicionadas já atrai investidores. A gestora Moriah Asset, especializada em wellness, aplicou R$ 2 milhões na rede We Protein, focada em smoothies de alta performance. A meta da empresa é faturar R$ 7 milhões ainda em 2025.

Outro nome forte é a Rebels Ventures, de Rony Meisler, fundador da Reserva, que investiu na Guday, marca de “gummies” com creatina.

Até laticínios como o Grupo São Vicente planejam aquisições de olho nesse mercado, enquanto a Probiótica, fabricante nacional de whey protein, fechou parceria com a rede Boali para uma linha de shakes proteicos.

Mercado global de trilhões

O Global Wellness Institute aponta que o setor mundial de saúde e bem-estar já movimenta US$ 6,3 trilhões — quatro vezes mais que a indústria farmacêutica. A expectativa é atingir US$ 9 trilhões até 2028.

No Brasil, o mercado de wellness somou US$ 96 bilhões em 2024, colocando o país na 12ª posição mundial, com amplo espaço para crescer.

Para o agro brasileiro, especialmente o setor lácteo, essa tendência representa muito mais do que moda: é uma oportunidade concreta de agregar valor, melhorar a qualidade do leite e fortalecer toda a cadeia produtiva.

 

*Adaptado para eDairyNews, com informações de The AgriBiz

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