ESPMEXENGBRAIND
8 dez 2025
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🐛 Estudo europeu aponta que a proteína de inseto pode melhorar textura e aceitação em lácteos e brownies, abrindo caminho para novas fontes proteicas.
🐛 A proteína de inseto avança como alternativa sustentável e bem-vista em lácteos, segundo estudo conduzido por universidades da Europa.
🐛 A proteína de inseto avança como alternativa sustentável e bem-vista em lácteos, segundo estudo conduzido por universidades da Europa.

A proteína de inseto está ganhando terreno no debate sobre novas fontes nutricionais, e agora avança diretamente para o universo dos lácteos pasteurizados e das sobremesas.

Um estudo conduzido pela Universitat Oberta de Catalunya (UOC), com a participação de especialistas da UAB, da UPC e da Universidade de Plymouth, colocou o tema no centro da discussão ao testar hidrolizados de larvas em bebidas lácteas e em receitas de brownies.

A investigação, descrita pelos pesquisadores como parte de um esforço global por alternativas proteicas de baixo impacto ambiental, apresentou resultados mais positivos do que muitos esperavam.

Segundo atribuições narrativas do próprio grupo de pesquisa, os testes utilizaram hidrolizado de Tenebrio molitor, conhecido popularmente como “larva-da-farinha”. O ingrediente foi incorporado tanto a lácteos pasteurizados aromatizados — com versões de avelã e baunilha — quanto a preparações de confeitaria.

De acordo com a doutoranda Marta Ros, integrante da equipe da UOC, a aceitação sensorial geral superou expectativas. Ela relata que “os resultados foram muito positivos”, especialmente no caso dos brownies, onde o hidrolizado não apenas passou no teste de sabor, mas melhorou a textura, deixando-a “mais suave e elástica”.

A equipe recorda que estudos anteriores já apontavam que o consumo de insetos é mais bem aceito quando ele se apresenta em forma de farinhas e não como inseto inteiro.

Ainda assim, o novo projeto evidencia que o formato de incorporação — seja como hidrolizado, farinha fina ou outro derivado — é decisivo para que o consumidor supere barreiras culturais e sensoriais. “Estes resultados confirmam que nem todas as formas de proteína de inseto têm o mesmo potencial”, explicou Ros.

“A forma como são integradas aos produtos determina não só o valor nutricional, mas a percepção sensorial, que precisa ser positiva para que a inovação chegue ao mercado.”

O estudo foi conduzido pelo grupo NUTRALiSS (Nutrição, Alimentação, Saúde e Sustentabilidade), que vem pesquisando alternativas viáveis para atender à crescente demanda global por proteínas.

A narrativa dos pesquisadores destaca que alimentos sustentáveis precisam conciliar três pilares essenciais: impacto ambiental reduzido, valor nutricional real e aceitação do consumidor. É esse último ponto, normalmente subestimado, que o trabalho buscou medir com mais profundidade.

Nas sessões de análise sensorial conduzidas com consumidores, os produtos lácteos enriquecidos com proteína de inseto tiveram avaliações variáveis, mas sempre dentro de um intervalo considerado “positivo” pela equipe.

As bebidas com aromas de avelã e baunilha, segundo relato dos pesquisadores, mostraram que o saborizante exerce papel importante na redução de percepções residuais — sejam elas associadas ao aroma original do hidrolizado ou à sua cor.

Nos brownies, porém, o cenário foi ainda mais favorável: o perfil de sabor naturalmente intenso da sobremesa funcionou como veículo ideal para incorporar ingredientes alternativos.

A pesquisa insere-se em um contexto europeu onde a discussão sobre novas proteínas vem ganhando força, inclusive por pressões relacionadas à segurança alimentar, sustentabilidade e autossuficiência. No entanto, os autores reconhecem que há um longo caminho entre o laboratório e a adoção real na indústria.

Barreiras regulatórias, desafios de rotulagem, padronização nutricional e percepção pública devem ser enfrentadas antes que os lácteos com proteína de inseto cheguem às gôndolas.

Para o setor lácteo brasileiro — altamente sensível a tendências globais e constantemente pressionado por questões de custo, produtividade e inovação — estudos como esse apontam possíveis direções futuras.

Ainda que a presença de proteínas alternativas em lácteos seja hoje marginal no mercado do Brasil, tendências internacionais costumam inspirar transformações na indústria, especialmente em nichos premium e funcionais.

Os autores do estudo reforçam que a pesquisa não tem como objetivo substituir fontes tradicionais de proteína, mas ampliar o cardápio global de alternativas sustentáveis.

Em uma cadeia como a láctea, que busca agregar valor através de fortificação, diferenciação nutricional e desenvolvimento de novos produtos, ingredientes inovadores podem virar aliados — desde que atendam às exigências de segurança e aceitação.

O debate deve ganhar ainda mais espaço à medida que pesquisadores, indústria e consumidores discutem a necessidade de alinhar sustentabilidade e nutrição.

A proteína de inseto, antes vista como curiosidade, agora aparece nas mesas de degustação acadêmicas mostrando potencial real para fórmulas lácteas, sobremesas e alimentos de alto valor proteico.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de MSN

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