ESPMEXENGBRAIND
8 dez 2025
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Com a explosão de produtos proteicos, cresce a dúvida: toda proteína entrega o mesmo? A resposta envolve ciência e escolhas informadas 📚
Proteína virou estrela nas prateleiras, mas qualidade e absorção variam muito — e a indústria nem sempre explica isso ao consumidor. 🧪
Proteína virou estrela nas prateleiras, mas qualidade e absorção variam muito — e a indústria nem sempre explica isso ao consumidor 🧪

A proteína pode ter virado tendência nas gôndolas, mas especialistas alertam que a qualidade e a absorção desse nutriente variam muito mais do que o consumidor imagina.

A observação foi reforçada pelo diretor regional da U.S. Meat Export Federation para México, América Central e Caribe, Gerardo Rodríguez, após notar a explosão de iogurtes, bebidas, barras e snacks “proteicos” em lojas de aeroportos. Para ele, o cenário indica que a indústria entendeu um fato incômodo: boa parte da população não atinge a ingestão diária adequada.

Rodríguez compartilhou, em análise recente, uma dúvida frequente entre consumidores: toda proteína é igual? A resposta, segundo ele, é direta — não. Embora todas sejam formadas por aminoácidos, cada fonte apresenta diferenças importantes em três pilares: qualidade, função e absorção. É essa combinação que determina o quanto o organismo realmente consegue aproveitar.

Entre as variantes mais comuns estão a proteína do soro de leite, a caseína, as proteínas cárneas e as alternativas vegetais. As de origem animal — carne, leite e derivados — são classificadas como “completas”, pois fornecem os nove aminoácidos essenciais em proporções adequadas. Já muitas proteínas vegetais são consideradas “incompletas”, não por ausência total dos aminoácidos, mas porque alguns aparecem em quantidades insuficientes para atender às necessidades metabólicas.

A diferença mais sensível ao consumidor está na chamada biodisponibilidade, isto é, o quanto do que se ingere realmente se converte em material utilizável pelo corpo. De acordo com Rodríguez, a proteína cárnica lidera esse ranking, seguida de perto pelas proteínas lácteas — duas categorias cuja digestão é mais eficiente e rápida. Assim, 20 gramas de proteína vegetal não equivalem, em aproveitamento real, aos mesmos 20 gramas provenientes de carne ou leite.

Um exemplo citado por ele é a proteína de ervilha. Embora tecnicamente contenha os nove aminoácidos essenciais, suas proporções são desbalanceadas, o que reduz sua classificação nutricional. Dessa forma, quando o rótulo promete “20g de proteína”, o organismo pode absorver significativamente menos do que esse número sugere.

Durante uma viagem recente aos Estados Unidos, Rodríguez também analisou o avanço de um modelo alimentar que tem ganhado visibilidade global: a dieta EAT-Lancet, proposta originalmente em 2019. O plano defende um padrão baseado majoritariamente em vegetais, frutas, leguminosas, grãos integrais, nozes e sementes, com um consumo bastante limitado de carnes vermelhas e moderado de frango, peixes e laticínios.

O objetivo central é duplo: melhorar indicadores de saúde humana e reduzir impactos ambientais associados à produção de alimentos. Embora o propósito seja considerado legítimo, Rodríguez destaca um ponto sensível. Segundo ele, modelos muito restritivos em proteína animal podem não garantir níveis adequados de aminoácidos essenciais para diversas populações, especialmente aquelas com maior demanda nutricional — como idosos, crianças, gestantes, atletas e trabalhadores fisicamente ativos.

Ele pondera que a sustentabilidade é um debate inadiável, mas que a discussão nutricional precisa caminhar junto. A redução drástica de carne e lácteos pode comprometer a ingestão proteica em longo prazo, abrindo espaço para deficiências que muitas vezes não aparecem de imediato. Para Rodríguez, o desafio não é eliminar grupos alimentares, e sim ajustar quantidades dentro de um equilíbrio realista e viável.

A recomendação final do especialista é clara: não basta contar gramas de proteína — é preciso entender sua origem e qualidade. Ele defende que consumidores leiam rótulos com mais atenção e busquem informações sobre o tipo de proteína utilizada, avaliando se ela atende às necessidades biológicas individuais.

Em um mercado onde a palavra “proteína” passou a vender mais do que qualquer outro termo nutricional, compreender essas diferenças é fundamental para evitar escolhas que parecem saudáveis, mas entregam menos do que prometem.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Ganaderia.com

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