O queijo Minas Artesanal acaba de conquistar um marco histórico: foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, consolidando séculos de tradição e valorizando o saber-fazer mineiro.
A certificação, aprovada em 2024, será entregue nesta terça-feira (2/9) em Belo Horizonte, em cerimônia que contará com a presença da diretora da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Nolet, e do governo de Minas Gerais.
De acordo com o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, esta é a primeira vez que um bem da cultura alimentar brasileira recebe esse nível de reconhecimento.
“É o nosso modo de fazer, transmitido por gerações, que ganha o mundo, afirmando Minas e o Brasil como referências de identidade, sustentabilidade e cultura”, declarou Oliveira.
A história do queijo Minas Artesanal remonta a mais de 300 anos, quando pequenos produtores rurais desenvolveram técnicas que hoje se tornaram símbolo de Minas Gerais.
Regiões como o Serro e a Serra da Canastra são berços dessa tradição, que combina métodos artesanais, leite de qualidade e mão de obra familiar.
Para José Ricardo Ozólio, presidente da Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo) e da Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (APACs), o título representa uma virada de página.
“O reconhecimento pela Unesco como patrimônio do nosso modo de fazer queijo é de importância gigantesca, porque todo o processo começou aqui no Serro”, afirmou, lembrando que a região conta com 756 produtores ativos.
O impacto da certificação já começa a ser sentido no mercado. Produtores relatam maior visibilidade e abertura para novos canais de comercialização, inclusive com potencial para exportações.
Túlio Madureira, produtor do Serro, acredita que o título “vem consolidar o queijo no mundo” e abrir portas para o comércio internacional.
Além do reconhecimento, a chancela internacional incentiva investimentos e políticas públicas voltadas para a qualificação do setor.
Moisés Antônio Barbosa, também produtor do Serro, destacou que já há iniciativas como a montagem de laboratórios e melhorias nos processos produtivos. “Esse título garante a perpetuação do saber fazer para as gerações futuras”, avaliou.
Na Serra da Canastra, outro polo de produção reconhecido pela qualidade de seus queijos, o sentimento é semelhante. Thiago Vilela Tristão, produtor premiado internacionalmente, ressaltou que até poucos anos atrás o queijo artesanal enfrentava restrições de comercialização.
“Hoje, com a certificação da Unesco, ele se consolida como um bem maior, muito além de um simples queijo. Por trás dele existe toda uma cadeia de cuidados, desde o rebanho até a mesa do consumidor”, afirmou.
Com essa conquista, Minas Gerais soma cinco bens reconhecidos como patrimônios naturais e imateriais pela Unesco, incluindo os centros históricos de Ouro Preto e Diamantina, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas) e o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte.
O reconhecimento do queijo Minas Artesanal não é apenas um título honorífico. Ele reforça a identidade gastronômica brasileira, agrega valor ao produto e estimula o turismo regional, ao mesmo tempo em que projeta Minas Gerais e o Brasil no cenário internacional da gastronomia e da cultura alimentar.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Estado de Minas