À medida que a Páscoa se aproxima, a qualidade do chocolate brasileiro torna-se um tema amplamente discutido.
Consumidores e especialistas demonstram preocupação com a queda nas propriedades dos produtos, alinhada a um aumento expressivo nos preços.
As alterações na composição dos chocolates e a qualidade do cacau utilizado são fatores de destaque nessa questão.
O aumento dos preços do cacau, que quadruplicou em valor devido a problemas climáticos e pragas nas principais regiões produtoras da África Ocidental, complica ainda mais a situação.
Com a commodity atingindo cifras superiores a US$ 10 mil por tonelada, a indústria recorreu a alternativas mais baratas para manter a rentabilidade.
Essa alteração significa que o produto não atende mais ao mínimo de 25% de cacau necessário para ser classificado como chocolate no Brasil.
Especialistas confirmam que o chocolate piorou devido a alterações no processo de produção e no uso de insumos. Esse processo começou com a crise do cacau na Bahia há 40 anos e resultou em mudanças regulatórias que permitiram o maior uso de gorduras substitutas.
Papel da indústria e alternativas
A manteiga de cacau é essencial para a textura desejável do chocolate, mas seu uso é pressionado pela demanda da indústria de cosméticos. A substituição por gorduras vegetais mais baratas é comum, mas muitas vezes prejudica a qualidade.
Por outro lado, chocolates de alta qualidade, seguindo o movimento “bean to bar”, estão ganhando espaço no mercado. Esse método envolve o controle rigoroso da produção, garantindo um produto final superior.
Identificando qualidade no chocolate
Para identificar um chocolate de qualidade, é importante verificar os rótulos, nos quais o cacau deve ser um dos principais ingredientes. Produtos de boa qualidade não usam aromatizantes, pois um cacau de qualidade já proporciona sabor suficiente.
Não necessariamente o preço alto indica qualidade. Portanto, é essencial verificar a lista de ingredientes para evitar pagar por marketing em vez de qualidade genuína.
Também cabe fazer um alerta sobre os riscos dos chocolates ultraprocessados. O consumo excessivo pode causar problemas de saúde, como diabetes e obesidade.
Outra questão é que as embalagens podem induzir ao erro, o que destaca a importância de uma leitura cuidadosa dos rótulos.
Resposta das empresas
A Pandurata Alimentos, responsável pela Bauducco, afirmou que a mudança no Choco Biscuit foi uma tentativa de equilibrar qualidade e preço. Já a Abicab destacou que a indústria oferece uma ampla gama de produtos, atendendo às preferências nacionais.
Apesar das críticas, a Abicab notou que o chocolate brasileiro possui certificação de aroma e sabor pela ICCO, embora essa certificação se aplique apenas ao cacau fino exportado, que representa uma pequena parcela da produção nacional.