Zootecnista, professor de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia e de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

Quando a recuperação direta da pastagem é recomendada e, sua viabilidade técnica e econômica

 

Zootecnista, professor de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia e de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

 

 

O paradigma

Aceita-se com naturalidade no meio pecuário que a pastagem degrada-se e que de tempos em tempos precisa ser renovada (troca da espécie forrageira) ou recuperada (com manutenção da espécie forrageira) indiretamente (com integração com lavoura). Este paradigma é compreensível em um país como o Brasil, onde se estima que 80% da área de pastagem encontra-se em algum grau de degradação, sendo que mais da metade encontra-se em graus avançados deste processo. Em 52,5% da área de pastagem do país a taxa de lotação está abaixo de 0,4UA/ha, 25,1% entre 0,4 e 0,8UA/ha, 18,3% entre 0,8 e 1,5UA/ha e apenas 4% está ocupada com taxas de lotação acima de 1,5UA/ha.

Recuperação indireta da pastagem

As causas do processo de degradação, seus graus ou estádios, as metodologias para o seu inventário, diagnóstico e classificação dos graus ou estádios e os métodos de recuperação ou renovação têm sido muito investigados pela pesquisa, estudados nos cursos universitários de ciências agrárias, validados em campo, em fazendas comerciais e divulgados na mídia especializada. Por exemplo, têm sido bem documentadas as vantagens da renovação ou da recuperação indireta envolvendo a integração com lavoura, entretanto, nem sempre estes métodos são os mais adequados para determinadas condições específicas diagnosticadas.

Recuperação direta da pastagem

Vários fatores suportam a recomendação de recuperar diretamente a pastagem, tais como:
(a) as espécies forrageiras implantadas nas pastagens da propriedade são adaptadas às condições climáticas e de solos presentes;
(b) o estande de plantas das espécies forrageiras adaptadas está uniforme por todo o piquete;
(c) o controle de plantas invasoras e de insetos pragas pode ser realizado com um custo abaixo do de uma renovação ou de uma recuperação indireta.

Somente estes três fatores já justificariam a técnica, operacional e economicamente, e a escolha da recuperação direta em detrimento dos outros métodos. Mas se além daqueles fatores as condições climáticas forem instáveis (curta estação chuvosa com veranicos longos durante a estação chuvosa), o relevo do terreno e a drenagem do solo dificultar ou impedir a mecanização, não se teria dúvida em recomendar a recuperação direta.

Mas, o que é recuperação direta da pastagem?

Além destes fatores, é preciso concluir sobre a disposição de o pecuarista investir em lavoura, sua experiência e conhecimento em culturas agrícolas, a infraestrutura da propriedade e da região para desenvolver tal atividade, o capital necessário e sua origem para entrar na agricultura, entre outros. Mas em que consiste a recuperação direta da pastagem? Em sequência:
1) fazer o inventário das pastagens para classificar o programa de condução de cada piquete nos 12 meses seguintes;
2) medir as áreas exatas de cada piquete e mapear as pastagens, se ainda não houver este registro;
3) ajustar a taxa de lotação (pesar o rebanho) à capacidade de suporte da pastagem (calcular a disponibilidade de forragem e/ou medir a altura do pasto);
4) manejar o pastejo pelas alturas alvos específicas de cada espécie forrageira;
5) ao mesmo tempo amostrar solo para análise;
6) interpretar os resultados das análises de solos e recomendar a correção e adubação de acordo com as condições específicas de cada piquete e as metas estabelecidas;
7) executar o programa em sequência fazendo a correção do solo (com calcário, gesso etc., até o final das chuvas na região), controlando as plantas invasoras e os insetos pragas (dependendo das espécies infestantes poderá ser durante a seca ou então aguardar o reinicio das chuvas), e fazendo as adubações (após o reinicio das chuvas).

Mas aí o pecuarista que irá desembolsar o dinheiro para a recuperação da pastagem pergunta: qual será o retorno destes investimentos e custos? Veja o quadro 1.

Procedimento Execução Investimento:custo Respostas esperadas Relação benefício:custo
1. Inventário da pastagem e 2. Medir as áreas e produzir um mapa Por um técnico experiente Despesas e honorários do técnico 1. Entrega de um diagnóstico, plano de metas, planejamento, treinamento da equipe e acompanhamento durante a execução e 2. Entrega do mapa com as medidas exatas das áreas 1. Difícil de mensurar sem avaliar um projeto específico e 2. Será a base de todo o orçamento físico e financeiro do projeto
3 e 4. Ajustar a taxa de lotação à capacidade de suporte da pastagem e manejar o pastejo pelas alturas alvos Pela equipe da fazenda após treinamento Sem despesas e custos, pois constituem apenas procedimentos Aumentos no ganho médio diário por animal entre 28 a 389% e entre 18 a 30% na produção de leite por vaca. Aumentos na taxa de lotação entre 37 a 43%. Aumentos na produtividade por hectare entre 46 a 119% Vai depender dos preços dos produtos arroba e leite
5. Controlar plantas infestantes e 6. Controle de insetos pragas, especificamente cigarrinhas das pastagens e dos canaviais Pela equipe da fazenda após treinamento ou terceirizar Implementos, máquinas, veículos, herbicidas, inseticidas etc. Aumento na produção e na qualidade de forragem, aumento da capacidade de suporte, aumento no desempenho por animal, aumento na eficiência de colheita do pasto, reduz mortes e ferimentos dos animais, reduz a infestação por plantas invasoras e valoriza a propriedade 5. Cada R$1,00 gasto retorna entre R$2,10 a R$5,60 e 6. Cada R$1,00 gasto retorna entre R$3,00 a R$23,00
7.Correção e adubação do solo Pela equipe da fazenda após treinamento ou terceirizar Implementos, máquinas, veículos, corretivos e adubos etc. Aumento na produção e na qualidade de forragem, aumento da capacidade de suporte, aumento no desempenho por animal, reduz a infestação por plantas invasoras, aumento da tolerância da planta forrageira a estresses bióticos (insetos pragas e doenças) e abióticos (secas, geadas, extremos de temperaturas) Cada R$1,00 gasto retorna entre R$2,40 a R$4,10 no início, chegando a R$4,80 a R$8,20, após a construção da fertilidade do solo

 

Conclusão

A recuperação direta comparada com a renovação e a recuperação indireta traz como vantagens para o pecuarista:
(a) é um processo mais rápido (metade do tempo);
(b) o valor do investimento é menor (metade da renovação direta e 3 a 6 vezes menor que a renovação ou a recuperação indireta);
(c) é uma operação de risco muito menor.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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