Na cadeia do leite, falamos muito sobre certas vacas ou grupos de vacas serem “difíceis de emprenhar”, no entanto, raramente falamos sobre o fato de que, muitas vezes, as decisões humanas são a razão pela qual as vacas não são capazes emprenhar eficientemente, e não necessariamente as falhas do programa de IA.
Fonte: Canal Rural

É possível que os protocolos de manejo dos rebanhos estejam criando vacas inférteis.

  1. Genética

Identificar as características genéticas que estejam alinhados com a rentabilidade. Para manejar uma fazenda leiteira, você precisa de gestações acontecendo de forma rápida e consistente. Portanto, características relacionadas com fertilidade são fundamentais para o seu negócio. Seria um erro ignorá-los em seu planejamento genético para as gerações futuras.

As características genéticas diretas para a maior fertilidade incluem a Taxa de Prenhez das Filhas (DPR), a Taxa de Concepção da Vaca (CCR) e a Taxa de Concepção de Novilha (HCR).

Outras características genéticas correlacionadas com eficiência reprodutiva, incluem os marcadores de saúde das vacas, como contagem de células somática (CCS) e saúde no período de transição. Vacas saudáveis tem mais chances de ficarem gestantes.

 

  1. Baia maternidade e eficiência reprodutiva

A baia ou piquete maternidade é o início do ciclo produtivo e um lugar onde o erro humano é imperdoável. Complicações aqui podem estabelecer problemas de reprodução que podem permanecer com a vaca durante a lactação atual e futuras. Proteja a saúde do trato reprodutivo das vacas com bons protocolos de manejo da baia ou piquete maternidade e de parto, para manter um rebanho fértil.

Fornecer aos funcionários treinamento adequado de assistência ao parto. O objetivo deve ser partos desassistidos (espontâneos) para evitar causar traumas desnecessários. No entanto, o pessoal da maternidade deve saber os sinais de parto anormal e como auxiliar corretamente, se necessário. Entenda como o perigo de puxar os bezerros muito cedo ou incorretamente pode afetar a capacidade de uma vaca emprenhar novamente.

Baias e equipamentos da maternidade sujos podem causar retenção de placenta, metrite e endometrite. Isso resulta em vacas que demoram mais para começar a ciclar pós-parto e reduz as taxas de concepção.

Tome todas as precauções para evitar contaminação e infecção no parto. Excelente higiene de equipamentos, qualidade da cama e saneamento regular na área da maternidade são todos críticos, uma vez que as vacas recém paridas têm um sistema imunológico suprimido

 

  1. Condição Corporal e Dieta

Não torne as vacas anovulatórias pela da dieta inadequada. Deve se otimizar a nutrição para reprodução, além da produção. Vacas que atingem o seu período voluntário de espera (PVE) em balanço energético negativo (BEN) terão mais dificuldade em conceber.

Além dos altos níveis de produção que causam o BEN, vacas recém paridas supercondicionados, ou seja, com ECC muito alto, também são altamente suscetíveis ao BEN pós-parto. Quando uma vaca com excesso de peso pare, ela perde peso mais rapidamente no início de sua lactação do que uma vaca com condições corporais ideais porque ela tem mais peso para perder. Ter mais peso a perder pode colocar a vaca acima do peso ao parto em BEN extremo.

Evitar baixos ECC é igualmente importante. É improvável que uma vaca muito magra mostre cio. Considere a avalição regular do ECC do seu rebanho por uma pessoa de fora. Inclua uma avaliação das novilhas em idade de reprodução, novilhas gestantes, vacas secas, vacas pré e pos-parto e vacas em lactação. A condição corporal durante cada fase do ciclo de vida de uma vaca afetará sua capacidade reprodutiva futura.

O manejo adequado da dieta pré-parto resultará em partos bem-sucedidos, reduzindo assim a taxa de infecção uterina e permitindo um retorno mais rápido à ciclicidade.

 

  1. Saúde e conforto

Qualquer coisa que você possa fazer para reduzir o estresse, aumentar o conforto e favorecer a saúde geral das vacas beneficiará os resultados reprodutivos.

  • Superlotação e manejo bruto e barulhento das vacas: Ambos desencadearão o estresse e tornarão as vacas menos propensas a mostrar cio.
  • Gerenciamento do pré/pós-parto da vaca: Revise protocolos e monitore proativamente esses grupos para evitar doenças metabólicas que, em última análise, afetarão a velocidade que as vacas estarão prontas para emprenhar novamente.
  • Protocolos de ordenha: A saúde do úbere tem sido correlacionada com as taxas de concepção. Os ordenhadores devem ser continuamente retreinados nos protocolos de ordenha para reduzir o risco de infecção e transmissão de doenças.
  • Estresse térmico: Ao programar sistemas de redução de calor, certifique-se de que o sistema esteja ligando na temperatura correta. Vacas são altamente sensíveis ao estresse térmico. O aumento da temperatura interna do corpo interfere em vários processos reprodutivos, incluindo o desenvolvimento de oócitos.
  • Controle da doença: Infecções podem levar à infertilidade, redução das taxas de concepção e perda precoce da gestação. Revise os protocolos de vacinação e as regras de biossegurança para limitar o potencial de exposição ao rebanho.

 

Conclusão

Quase todas as decisões de manejo de vacas e relações humanas em sua fazenda podem influenciar o desempenho reprodutivo do seu rebanho.

Forneça aos colaboradores os recursos essenciais para fazer seu trabalho, tanto ferramentas físicas quanto conhecimentos a partir da formação profissional. Ajude-os a entender por que o trabalho deles tem um tremendo impacto no ciclo de vida de uma vaca.

Um único incidente que resulta em um problema de fertilidade geralmente tem uma influência negativa além da lactação atual. Uma vaca com período de serviço longo é mais provável que se torne supercondicionada no final de sua lactação. Por sua vez, isso pode criar um ciclo vicioso para o resto da vida produtiva da vaca com problemas de parto, períodos de transição problemáticos e incidentes metabólicos.

 

Este texto é parto da matéria da revista Progressive Dairy, publicada em 06 de novembro de 2020, por Mandy Schmidt, North American Dairy Genetic Services

 

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

Fonte: Portal MilkPoint

Foto: Imprensa Sindileite-Goiás

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