O foco do processamento, no entanto, teve de ser ajustado, sendo direcionado para itens como leite UHT (longa vida) e em pó. Essa mudança deve-se ao impacto sentido por pequenas empresas e queijarias diante das restrições impostas pelo coronavírus. A demanda que tinham dos ramos de alimentação (restaurantes, cozinhas industriais) reduziu drasticamente. Muitas passaram a vender parte do leite recolhido no mercado spot. Ou seja, para outras empresas, com processamento de UHT e de leite em pó.
A Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Estado (Apil-RS) estima que entre 35% e 40% do volume captado diariamente, que pode chegar a até 1,8 milhão de litros, tem sido vendido para outras companhias.
“Mas isso é momentâneo. As empresas estão com estoques de queijos e derivados”, pontua Délcio Giacomini, presidente da Apil-RS.
Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat-RS), também percebe direcionamento para UHT e leite em pó. A produção do queijo fracionado, para venda em supermercados, no entanto, segue normal. “Nunca deixamos de recolher nenhum litro de leite”, reforça Guerra.
Diante desse cenário, há conversas em andamento com o governo do Estado, na busca de alternativas para garantir capital de giro justamente para esses pequenos laticínios e queijarias.
O presidente da Apil faz uma ponderação: mais adiante, poderá haver sobra também no longa vida e no leite em pó. Apesar de ser período mais baixo de produção do ano – de setembro de 2019 para cá, caiu 30% – e do impacto da estiagem, o consumo não deve se manter em igual patamar ao do início da pandemia, quando as pessoas correram para os supermercados para fazer estoques.