ESPMEXENGBRAIND
20 nov 2025
ESPMEXENGBRAIND
20 nov 2025
Com história que mistura fé e criatividade, o queijo casamenteiro se destaca pela textura cremosa e aparência de bolo de casamento. 🎉
Um queijo com alma de celebração: assim nasceu o casamenteiro, obra artesanal que virou fenômeno nacional. 💫
Um queijo com alma de celebração: assim nasceu o casamenteiro, obra artesanal que virou fenômeno nacional 💫

O queijo casamenteiro conquistou Minas Gerais, atravessou fronteiras e hoje figura entre as iguarias nacionais que unem fé, criatividade e muito sabor. Produzido apenas por mulheres na cidade mineira de Cruzília, aos pés da Serra da Mantiqueira, o queijo que mais parece um bolo de casamento virou um fenômeno cultural que atrai turistas, curiosos, apaixonados por gastronomia e até devotos em busca de um empurrãozinho sentimental.

A história dessa criação singular foi contada pela mestre-queijeira Maria do Céu, que relatou como, ainda em 2008, a equipe da Cruzília decidiu surpreender os jurados do Concurso Nacional de Queijos, promovido pela Epamig. Segundo ela, o objetivo era simples e ousado ao mesmo tempo: apresentar um produto inovador sem abandonar as raízes artesanais e a identidade mineira. O resultado superou qualquer expectativa e garantiu ao Santo Casamenteiro a medalha de ouro na categoria inovação — a primeira de uma longa lista.

De lá para cá, o queijo virou uma verdadeira celebridade. Ganhou o primeiro lugar no Concurso de Alimentos Inovadores da América Latina FISA, o ouro no Araxá International Cheese Awards e até o título de melhor queijo do mundo no Concours Mondial du Fromage. A cada conquista, crescia também a curiosidade em torno daquele queijo cremoso, delicadamente decorado e com estética de bolo nupcial.

A aparência não é por acaso. O casamenteiro nasce de um processo artesanal detalhado, revelado por Maria do Céu. A base da receita é o Azul de Minas, outro produto exclusivo da Cruzília. Depois da maturação do queijo de mofo azul, vem a parte que transforma a peça em uma pequena obra de arte: ele é recheado com cream cheese, nozes e damasco. Cada unidade é montada manualmente, peça por peça, com cuidado quase cerimonial. O toque final — guardado em segredo pela equipe — é creditado como responsável pela textura extremamente cremosa e pelo sabor que faz tantos visitantes declararem amor à primeira mordida.

O que talvez poucos saibam é que a origem do nome “Santo Casamenteiro” também tem suas nuances místicas. Maria do Céu relatou que a criação, inicialmente batizada de Santo Antônio, começou a protagonizar histórias curiosas dentro da fábrica. À medida que novas peças eram produzidas, mulheres do time começaram a noivar e casar em sequência. A coincidência virou assunto, brincadeira e, por fim, homenagem. Como Santo Antônio é conhecido como o padroeiro dos namorados, o queijo ganhou oficialmente o nome de Santo Casamenteiro — e reforçou a fama de trazer sorte ao amor.

A anedota, contada com humor pelas artesãs, só contribuiu para fortalecer o vínculo emocional entre público e produto. Muitos visitantes chegam à Cruzília desejando não apenas conhecer o queijo, mas também participar de sua aura encantada. Há quem compre para presentear amigas solteiras, quem leve para a ceia de casamento e até quem encomende o casamenteiro para usar como sobremesa temática em eventos românticos. O que começou como uma proposta de inovação técnica se transformou, com o tempo, em um símbolo afetivo.

Mas não é apenas o lado sentimental que sustenta seu sucesso. O casamenteiro é, sobretudo, a expressão de um trabalho minucioso das produtoras mineiras, que se destacam pela habilidade artesanal e pela capacidade de criar produtos autorais. A produção exclusivamente feminina reforça um movimento crescente no setor queijeiro: mulheres que lideram fazendas, fábricas, queijarias e processos de inovação, muitas vezes resgatando tradições familiares e transformando saberes antigos em produtos contemporâneos.

Maria do Céu destaca que esse cuidado manual e essa visão criativa são fundamentais para manter o queijo como referência de excelência. Para ela, o segredo do sucesso está na combinação de técnica, sensibilidade e autenticidade. “Quem prova se apaixona”, afirma. “O queijo guarda um pequeno mistério no processo, algo que faz toda a diferença no sabor e na textura. Isso dá a ele um toque quase místico.”

O Santo Casamenteiro se tornou, assim, mais do que uma iguaria premiada: é um fenômeno cultural que reúne tradição mineira, inovação gastronômica, religiosidade popular e um irresistível apelo estético. Em tempos em que a gastronomia se transforma também em experiência e narrativa, poucas criações representam tão bem o Brasil quanto esse queijo que promete — e entrega — sabor, beleza e boas histórias.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Globo Rural

Te puede interesar

Notas Relacionadas