Canastra, suíço, minas, parmesão, gruyère, provolone, mussarela… Tipo de queijo é o que não falta no mundo. Esses acima são apenas alguns dos milhares existentes. Mas… e queijo com ouro? Já ouviu falar?
Pois uma das maiores produtoras de queijo de Minas Gerais e do Brasil criou a iguaria neste ano. A queijaria Senzala, estabelecimento de agricultura familiar com sede em Sacramento, no Triângulo Mineiro, lançou o produto no Brasil.
Autora da criação, a queijeira Marly Leite está no ramo desde os sete anos de idade. A trajetória da mulher é recheada de presenças nos mais importantes concursos de queijo no Brasil e no mundo. “A gente participa desde 1996, soma bastante concursos nacionais e regionais.
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De concursos mundiais, participamos de quatro, temos medalhas de ouro, prata, bronze, ouro e superouro. A primeira medalha que entrou (no Brasil) para leite cru é nossa. Mas não considero que sejam nossas e sim do povo brasileiro”, enumera.
De tão bem-sucedida, a mulher passou a ministrar cursos pelo mundo. E foi em um deles que nasceu a ideia do queijo com ouro, em abril deste ano, em Dubai, nos Emirados Árabes. Ela estava ministrando um curso para chefes brasileiros. “Eles pediram para eu levar um queijo diferente, e eu comecei a pesquisar sobre e cheguei na ideia de colocar ouro, já que Dubai inspira ouro. Fiz o teste e deu certo”, diz a mulher.
Até um shake árabe, amigo de um dos chefes de cozinha presentes no curso, provou da iguaria, que se tornou sucesso nas arábias. Foi a partir daí que ela decidiu investir mais na ideia e trazer iguaria para o Brasil. Ela produz peças de cinco quilos, com três folhas de ouro 24 quilates dentro, além do revestimento com pó de ouro.
“Coloquei o leite, o coalho, o pingo, a receita do queijo mineiro mesmo. E aí coloquei a folha de ouro dentro e o ouro em pó”, explica a queijeira, que comprou o ouro pela internet, sendo dois pacotes de R$ 230.
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O material, ela mesma admite, não traz acréscimos de sabor, textura ou nutrientes ao queijo, apesar de também não causar danos à saúde. O atrativo mesmo, segundo a produtora, é a chance de provar o desconhecido e o valor agregado ao produto. Sem o ouro, o preço do mesmo queijo seria de R$ 800. Com o acréscimo do material, o valor salta para R$ 1.200.
“Tudo aquilo que é novidade gera aquela vontade, uma curiosidade, aquela emoção. O sabor é igual, mas quando a pessoa for comprar para dar de presente, qual ela vai escolher? O de ouro. E é também uma espécie de embalagem. Dá uma estética a mais”, explica.
E não é que a criação já está fazendo sucesso? A produção ainda é tímida, já que a ideia é recente e a produção demora (a maturação pode chegar a até seis meses). Mesmo assim, a procura pelo produto no Instagram já está alta.
Parte dos sete queijos em produção atualmente na fazenda da queijaria vão para a loja da empresa no Mercado Central de BH, para venda. Outra parte vai ficar na loja da queijaria no Mercado de Origem, no bairro Olhos D’Água, região Oeste da capital, para uma degustação que ainda vai ser agendada.
Tão premiada no ramo queijeiro, Marly decidiu, em 2017, deixar de inscrever os queijos que ela produz em concursos. Agora ela participa dos eventos como orientadora e jurada, ensinando outras pessoas a arte de produzir queijo. Ela tem alunos por todo o mundo, dando aulas presenciais e on-line.
“Minha luta no queijo foi muito complicada. Quando ganhei a medalha na França, comecei a viajar o Brasil inteiro e vi que a história é a mesma. Me vi muito na história dos produtores”, conta a mulher, que é a primeira produtora rural a receber uma chancela da França de mestre queijeira no processo prático.
Mas os pupilos de Marly vão participar de um concurso em setembro, em São Luís, no Maranhão. E a expectativa da mestra é alta. “A gente está com 57 alunos já inscritos, e a gente quer trazer pelo menos 80 medalhas”, torce.