Para Alexis Mosca, pediatra do Hospital Robert Debré de Paris, especialista em microbiota intestinal de crianças pequenas, “diversificar a flora intestinal tem consequências benéficas a longo prazo. As autoridades públicas estão pensando mais a curto prazo, desaconselhando os queijos de leite cru para crianças, para evitar casos raros, até excepcionais, de infecção,” justifica ele.
Esse vídeo de 15 minutinhos foi gravado em uma conferência da Fundação pela Biodiversidade Queijeira no Mundial do Queijo de Tours, para embasar as reflexões dos grupos de pesquisadores que trabalham para divulgar os benefícios dos queijos de leite cru. “É um trabalho de pesquisa que ainda vai durar anos,” disse Arnaud Sperat Czar “o de convencer a população que quanto mais nos expomos, mais estamos protegidos”.
E é um tema super querido aqui no nosso blog, porque os queijos de leite cru além de terem sabores mais complexos, são os alimento mais ricos em micro biodiversidade. Quando um bebê nasce acontece um Big Bang! Junto com ele, nasce seu ecossistema. Partindo do zero, nas primeiras semanas, ele já começa a ser colonizado por centenas de milhares de bactérias que estão no seu meio e principalmente no leite da sua mãe.
O que acontece hoje, na modernidade, é que nossa microbiota intestinal mudou muito em comparação aos nossos ancestrais. Um bebê que nasce hoje tem uma microbiota muito mais pobre em diversidade que nossos ancestrais. Resultado de uma alimentação cada dia mais industrializada, esterilizada e ultraprocessada. Um estudo da microbiota do cocô de homo sapiens mumificados na América Central conta que perdemos mais de 40 espécies no nosso intestino.
Certos autores pensam que ter uma microbiota fraca tem consequências por toda sua vida, favorecendo doenças como asma e alergias, mas também autismo, obesidade, enfim, as doenças contemporâneas.
Educação queijeira
Sempre que vou ao Brasil levo queijos diferentes para meus sobrinhos. Convido eles para comerem prestando atenção nas sensações. Minha afilhada Taís comeu um roquefort a primeira vez com menos de dois anos, mal sabia falar e soltou a palavra “sal”. Quem sabe esse mofinho azul da França vai interagir e ficar no ecossistema dela por muito anos…
A irmã mais velha dela, Gabriela, adora participar das degustações e gosta até de queijos de casca vermelha fedidos que, segundo ela, dão arrepios no pescoço. Artur é mais exigente, super sensível ao sabor amargo, gosta de queijos mais consensuais. Como eles moram no interior de Minas, sempre com o pé no chão e sem frescura, o queijo de todo dia é minas artesanal, o que ajuda para serem fortes e sadios.