ESPMEXENGBRAIND
7 out 2025
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🥛 O valor do leite potiguar saltou de R$ 538 milhões para R$ 981 milhões em quatro anos, e os queijos artesanais surgem como motor de renda e identidade regional.
Segundo Marinho de Sousa, presidente da Empreleite, associação que reúne produtores de queijo artesanal, o setor possui um enorme potencial de crescimento: “Quando o produtor começa a fazer queijo, ele já dobra o faturamento em relação à venda do leite in natura"
Segundo Marinho de Sousa, presidente da Empreleite, associação que reúne produtores de queijo artesanal, o setor possui um enorme potencial de crescimento: “Quando o produtor começa a fazer queijo, ele já dobra o faturamento em relação à venda do leite in natura"

Setor leiteiro do Rio Grande do Norte cresce e produção de queijos artesanais se consolida como alternativa rentável

O setor leiteiro do Rio Grande do Norte vive um momento de forte expansão e transformação. Segundo dados do IBGE, o valor da produção de leite no estado passou de R$ 538 milhões em 2020 para R$ 981 milhões em 2024, um crescimento expressivo de 82% em quatro anos. O volume anual alcançou 394,5 milhões de litros, com média diária de 1,09 milhão de litros.

Em meio a esse cenário, os queijos artesanais potiguares ganham protagonismo como uma alternativa promissora para agregar valor e garantir sustentabilidade aos pequenos produtores. A Empreleite, associação criada em 2022, reúne produtores que encontraram na fabricação artesanal uma forma de transformar o leite em um produto de identidade e alta rentabilidade.

De acordo com Marinho de Sousa, presidente da entidade, o impacto econômico é direto: “Quando o produtor começa a fazer queijo, ele já dobra o faturamento em relação à venda do leite in natura. E, dependendo da escala e da qualidade, esse crescimento pode chegar a quintuplicar”, explica.

Atualmente, a Empreleite reúne 12 produtores associados, que processam cerca de 1.000 litros de leite por dia. Embora o volume ainda pareça modesto frente à indústria, o diferencial está no valor agregado e no impacto local. “Esse leite não é apenas comercializado — é transformado em um produto que carrega a identidade potiguar”, ressalta Marinho.

Produção concentrada e potencial de expansão

O Rio Grande do Norte se destaca na região Nordeste, à frente de estados como Maranhão, Piauí e Paraíba na produção de leite. O município de Caicó, no Seridó, lidera com 41 milhões de litros anuais, seguido por outras regiões expressivas como o Oeste, o Agreste e a Região Metropolitana de Natal.

Segundo a Empreleite, o maior desafio do setor ainda é a legalização das queijeiras, processo que exige investimentos em estrutura e enfrenta entraves burocráticos. Hoje, o estado possui cerca de 60 queijeiras legalizadas, número considerado baixo diante do potencial de crescimento. Como comparação, São Roque de Minas (MG), com apenas 7.500 habitantes, possui 44 queijeiras regularizadas.

Tradição, identidade e turismo

Para Marinho de Sousa, a valorização do queijo artesanal vai além da economia. “Quando uma queijeira é legalizada, ela fortalece a mão de obra local, incentiva a sucessão familiar e estimula o turismo gastronômico. É um movimento que transforma toda a comunidade”, afirma.

A associação também se prepara para apresentar o potencial do setor na 63ª edição da Festa do Boi, que acontece de 10 a 18 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim. No evento, a Empreleite terá um estande colaborativo com produtores associados e convidados, que vão expor queijos premiados e outros produtos artesanais como café, geleias e biscoitos.

Queijo artesanal potiguar: do leite ao sabor premiado

A Empreleite mantém regras rigorosas para o enquadramento como queijo artesanal, mais exigentes que a própria legislação estadual. Os produtores associados só podem utilizar até 500 litros de leite cru provenientes de rebanho próprio. “Exigimos que o leite seja do próprio rebanho porque só assim o produtor garante o controle da qualidade e da sanidade do produto. O artesanal de verdade começa no próprio leite”, reforça o presidente.

O suporte técnico da associação acompanha todo o processo — da elaboração do projeto à legalização da queijeira. Segundo Marinho, com um investimento inicial de cerca de R$ 30 mil, já é possível montar uma unidade artesanal regularizada.

Os resultados já começam a aparecer. Um exemplo é o da produtora Micarla Fernandes, da Fazenda Lima, em São Pedro, que conquistou o título Superouro no último Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (ENEL) com um queijo maturado no café potiguar Jaçanã. “Apostar na maturação foi decisivo para o crescimento da Fazenda Lima, porque trouxe inovação e ampliou a procura pelos nossos produtos”, conta Micarla.

Com base em iniciativas como essa, o Rio Grande do Norte desponta como uma das novas fronteiras do queijo artesanal brasileiro, combinando tradição, inovação e identidade regional.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Novo Notícias

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