A produtora de queijos artesanais de Bananal (SP), Mônica Alvarenga, foi convidada a representar a Serra da Bocaina no Concours Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours, um dos concursos mais prestigiados do mundo, que será realizado em setembro no Vale do Loire, França.
Segundo informações divulgadas pela própria produtora, este reconhecimento projeta a região como um novo polo de excelência queijeira no Brasil.
Mônica, que há 10 anos vive na Serra da Bocaina, produz há quatro anos queijos de cabra no sítio Condado dos Guapuruvus. Suas criações autorais incluem o Paixão Absoluta, o Neve da Montanha e o Chèvre do Condado.
O destaque é o Paixão Absoluta, queijo láctico de textura suave maturado com notas de cogumelo shiitake cultivado em sua propriedade. Em 2024, durante avaliação presencial na França, o mestre queijeiro Laurent Mons, diretor da Mons Fondation, chegou a afirmar que se tratava de “um queijo mais francês que os franceses atualmente”.
Com uma trajetória anterior no teatro por mais de quatro décadas, Mônica descobriu nos queijos uma nova paixão. Seu aprendizado começou de forma autodidata e evoluiu com cursos online durante a pandemia.
Associada à SerTãoBras, entidade que reúne produtores artesanais brasileiros, ela investiu em novas matrizes da raça Saanen e aprimorou suas técnicas de cura.
O convite para participar do mundial incluiu não apenas a competição, mas também um curso intensivo de análise sensorial, além da oportunidade de atuar como jurada em uma das categorias do evento.
Antes da viagem, Mônica também será jurada no primeiro concurso de queijos do Sudeste brasileiro, que acontece no final de agosto em Cunha (SP).
Em entrevista concedida à imprensa local, Mônica destacou a importância do terroir da Serra da Bocaina para o sabor e a qualidade de seus produtos:
“O terroir de um queijo é tudo aquilo que o lugar empresta para ele: o clima, a altitude, a vegetação, a forma de criar os animais e até a tradição do produtor. O Paixão Absoluta é, literalmente, uma fotografia comestível da Serra da Bocaina, em meio à Mata Atlântica.”
Produzidos a cerca de 700 metros de altitude, em clima úmido e fresco, os queijos se beneficiam da amplitude térmica, da presença de neblinas e do pastoreio livre, fatores que favorecem a formação de casca florida e aromas únicos.
A participação de Mônica reforça o potencial da Bocaina como referência queijeira. “Esse ambiente natural, aliado ao saber dos produtores, tem potencial para se consolidar como um território queijeiro único no Brasil.
Os queijistas de Bananal podem e devem aprender a curar seus queijos, agregando valor e diversidade aos próprios produtos”, afirmou.
Além da sua produção, Mônica mantém uma carreira diversificada: lançou recentemente o livro “Não Conte para as Formigas”, foi responsável pelo paisagismo da Praça Pedro Ramos, no centro histórico de Bananal, e participou do programa Papo na Praça, onde contou sua trajetória no período pós-pandemia.
A expectativa é que a participação no Concours Mondial du Fromage amplie a visibilidade dos queijos artesanais brasileiros, colocando Bananal e a Serra da Bocaina no mapa mundial da queijaria.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de A Gazeta RM