O preço do leite no Brasil deve sofrer nova retração no terceiro trimestre de 2025, segundo análise do Rabobank, que projeta um cenário de pressão para o setor diante da combinação de alta na oferta e consumo interno estagnado.
A perspectiva é de um mercado mais competitivo e menos rentável para o produtor, mesmo com margens operacionais ainda positivas.
A captação industrial de leite subiu 4,5% no primeiro trimestre do ano, resultado direto de boas margens no campo.
Em maio, o indicador “receita menos custo de alimentação por vaca” chegou a R$ 37, valor acima dos R$ 34 registrados em maio de 2024.
Essa melhora é atribuída à queda nos custos de ração — impulsionada pela ampla oferta de grãos — e aos preços ainda elevados pagos ao produtor na primeira metade do ano.
No entanto, a demanda interna segue desaquecida. Embora o desemprego esteja em baixa, a renda real desacelerou em 2025, limitando o crescimento do consumo de lácteos no varejo. Com isso, o banco projeta uma leve queda nos preços pagos ao produtor, revertendo a tendência de alta observada nos trimestres anteriores.
Oferta global em expansão e importações pressionam ainda mais
No mercado internacional, a produção de leite cresce nos principais polos exportadores — Europa, Estados Unidos e América do Sul — com expectativa de avanço de 1,4% no volume produzido neste trimestre. Trata-se da maior expansão desde 2021.
Paralelamente, o consumo global permanece enfraquecido diante de juros altos e instabilidades econômicas e geopolíticas, o que limita o fôlego das commodities lácteas.
Outro fator de pressão vem do câmbio. A valorização do real frente ao dólar tem facilitado as importações.
Entre janeiro e maio de 2025, o Brasil aumentou as compras externas de lácteos em 1% em volume e 9% em valor, tendência que deve se intensificar com a queda dos preços internacionais, prejudicando a competitividade do produto nacional — especialmente no caso das exportações.
Gestão de custos será crucial
Com margens mais apertadas no horizonte, o Rabobank recomenda que os produtores redobrem a atenção com a gestão dos custos.
A eficiência no uso dos insumos, a qualidade da alimentação e o controle de produtividade do rebanho serão cruciais para manter a viabilidade do negócio.
Embora o setor tenha se beneficiado recentemente de uma combinação favorável entre preços e custos, o cenário aponta para um ajuste de mercado que exigirá estratégias mais rigorosas por parte dos produtores e da indústria.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Feed&Food