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17 set 2025
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🥛 Real forte e maior produção impulsionam o setor lácteo no Brasil, mas preços enfrentam pressão no fim de 2025.
🌾 Real valorizado e produção forte moldam cenário do leite no Brasil
🌾 Real valorizado e produção forte moldam cenário do leite no Brasil.

Os preços do leite no Brasil enfrentam um cenário de pressão diante da combinação de uma produção recorde e da valorização do real.

De acordo com relatório do RaboResearch, o setor lácteo brasileiro apresentou um crescimento expressivo no primeiro semestre de 2025, o mais rápido em mais de uma década, impulsionado por condições climáticas favoráveis e pela queda nos custos de alimentação animal.

Segundo dados preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de leite aumentou 6,8% no período, com expectativa de crescimento anualizado de 6,5% para 2025.

O ritmo, no entanto, deve se moderar no segundo semestre, refletindo a alta base comparativa do segundo trimestre. Grandes produtores, com rebanhos acima de 1.000 vacas, ampliaram investimentos e vêm registrando taxas de expansão de dois dígitos, o que contribuiu para acelerar a oferta nacional.

Ao mesmo tempo, o real se fortaleceu cerca de 12% frente ao dólar desde janeiro, sustentado por juros elevados e expectativas de inflação mais controladas. Esse movimento favoreceu as importações de produtos lácteos, em especial de parceiros do Mercosul.

Entre janeiro e julho, o volume importado caiu 6% em comparação ao mesmo período de 2024, mas ainda se mantém elevado, com destaque para leite em pó integral, leite em pó desnatado e queijos.

As exportações também recuaram 6% no acumulado do ano, reforçando uma dinâmica comercial mista: importações firmes e embarques limitados.

No mercado interno, a demanda se manteve relativamente sólida, sustentada por um mercado de trabalho aquecido e taxa de desemprego historicamente baixa, abaixo de 7%. Ainda que o crescimento do rendimento real tenha perdido fôlego, o consumo de alimentos, incluindo os lácteos, não apresentou queda significativa.

Mesmo assim, a oferta abundante já começou a se refletir nos preços. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), o valor médio pago ao produtor em julho foi de R$ 2,65 por litro (cerca de US$ 0,549/litro), abaixo dos R$ 2,82 por litro registrados em abril, já ajustados pela inflação.

Embora a retração seja considerada moderada, analistas alertam que os preços do leite podem cair ainda mais no quarto trimestre, período em que a produção sazonal cresce e tende a pressionar o mercado.

Para o setor, há sinais mistos. De um lado, os custos de produção recuaram com a queda dos preços do milho e do farelo de soja, melhorando as margens dos produtores e estimulando o crescimento da atividade. De outro, o excesso de oferta combinado com importações constantes limita o espaço para valorização no mercado doméstico.

Apesar desses desafios, o RaboResearch avalia que as perspectivas são mais otimistas em comparação com relatórios anteriores.

A maioria das empresas do setor projeta crescimento estável a moderado nas vendas no segundo semestre de 2025, apoiado por uma demanda interna mais firme do que o previsto. Essa tendência pode ajudar a suavizar a queda dos preços no curto prazo.

No cenário macroeconômico, o Banco Central do Brasil revisou em agosto a expectativa de crescimento do PIB para 2025, agora em 2,18%, abaixo dos 3,4% de 2024, mas ainda considerado positivo diante da política monetária restritiva. As projeções de inflação também se moderaram, passando de 5,68% em março para 4,86% em agosto.

A combinação entre estabilidade econômica, renda em crescimento moderado e maior competitividade do setor pode contribuir para manter o consumo de lácteos relativamente estável até o final do ano.

Entretanto, se a produção continuar avançando acima das expectativas, os analistas não descartam uma queda mais acentuada nos preços no quarto trimestre.

O balanço final para 2025 dependerá do comportamento da oferta no auge da safra e da capacidade do mercado em absorver os volumes adicionais.

Por enquanto, o Brasil segue consolidando sua posição como um dos principais produtores de leite do mundo, com desafios pontuais de preços, mas também com oportunidades de crescimento de longo prazo.

Evolução dos preços do leite no Brasil (jul/2023 – jul/2025): à esquerda, preço da UHT em São Paulo ajustado pela inflação; à direita, preço médio pago ao produtor no país. Fontes: MultiPoint Mercado e CEPEA/RaboResearch 2025.
Evolução dos preços do leite no Brasil (jul/2023 – jul/2025): à esquerda, preço da UHT em São Paulo ajustado pela inflação; à direita, preço médio pago ao produtor no país. Fontes: MultiPoint Mercado e CEPEA/RaboResearch 2025.

 

*Adaptado para eDairyNews, com informações de seu Content Partner Fedeleche

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