Uma iniciativa liderada pela Universidade Santo Tomás (UST) propõe incorporar algas marinhas na dieta de ruminantes, demonstrando em estudos de laboratório uma redução significativa nas emissões de metano.
As mudanças climáticas e o aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) são preocupações globais, nas quais a agricultura e a pecuária desempenham um papel importante, especialmente pelas emissões de metano associadas aos processos digestivos de ruminantes.
Para reduzir esses impactos, diversos estudos mostram que a inclusão de algas marinhas na dieta desses animais pode diminuir consideravelmente a produção desses gases.
Nesse contexto, a Universidade Santo Tomás (UST), em colaboração com a Agência Fundação para a Inovação Agrária (FIA), lidera um projeto inovador que visa reduzir as emissões de metano em ruminantes por meio da inclusão de algas marinhas chilenas na alimentação animal.
![Projeto inovador busca reduzir gases de efeito estufa a partir de algas das costas chilenas 7 Este proyecto refleja nuestro compromiso con la innovación y la sostenibilidad del sector silvoagropecuario.](https://br.edairynews.com/wp-content/uploads/2025/01/Foto-3-173x300.png)
Após dois anos de execução na Região de Los Lagos, os ensaios laboratoriais indicaram uma redução de até 99% nas emissões de metano. Atualmente, estão sendo realizadas provas com vacas leiteiras para avaliar o consumo de algas, com resultados iniciais positivos.
O time de pesquisadores do projeto é liderado pelas médicas veterinárias María Paz Marín e Pabla Morales, da UST, juntamente com o engenheiro Jorge Muñoz, a Dra. Marcela Ávila, bióloga marinha e diretora do Centro de Pesquisa CAPIA UST, e o Dr. Ignacio Beltrán, do Instituto de Pesquisa Agropecuária INIA Remehue. A iniciativa conta ainda com a colaboração de Aproleche Osorno, Agrollanquihue, FuturoCoop e Seaweed Export Company (SECO), e possui um prazo total de execução de quatro anos.
A Dra. Marcela Ávila destacou que “o Chile possui um imenso potencial de estudo em macroalgas, com cerca de 400 espécies de algas bentônicas, das quais apenas 14 são exploradas comercialmente.
Este projeto abre a oportunidade de desenvolver um cultivo sustentável de algas para reduzir a emissão de metano, beneficiando tanto o setor pecuário quanto o meio ambiente”.
Por sua vez, Francine Brossard, diretora executiva da FIA, afirmou que “este projeto reflete nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade no setor silvoagropecuário, integrando as características de produtos marinhos, como as algas vermelhas e pardas, em soluções concretas para mitigar as mudanças climáticas.
Ao reduzir as emissões de metano na pecuária com o uso dessas algas marinhas chilenas, estamos promovendo um modelo produtivo mais responsável e alinhado aos desafios ambientais globais”.
Marcos Winkler, presidente da Fedeleche e da Aproleche Osorno, também destacou: “A iniciativa busca não apenas reduzir as emissões de metano, mas também mostrar que os produtores de leite podem desempenhar um papel ativo na redução das emissões e na captura de carbono, contribuindo para a sustentabilidade do país”.
Vale ressaltar que as algas, especialmente as espécies vermelhas e pardas, contêm compostos halogenados e florotaninos que, quando incluídos na dieta animal, reduzem as emissões de metano no rúmen.
Em particular, o bromofórmio, um composto halogenado presente em algumas algas, age sobre os microrganismos metanogênicos, reduzindo significativamente a produção desse gás.
No Chile, foram identificadas algas vermelhas com potencial antimetanogênico na região norte, entre Antofagasta e Valparaíso.