ESPMEXENGBRAIND
14 out 2025
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A partir de 2026, a Reforma Tributária promete simplificação e justiça fiscal — mas pode trazer volatilidade nos preços de leite e produtos essenciais.
Reforma deve mudar preços de leite e alimentos básicos no Brasil.
Reforma deve mudar preços de leite e alimentos básicos no Brasil.

A Reforma Tributária brasileira, que começará a ser implementada a partir de 2026, promete simplificar o sistema de impostos e trazer mais transparência à economia.

No entanto, o setor alimentício — especialmente o de lácteos e produtos da cesta básica — deverá enfrentar um período de ajustes e volatilidade nos preços antes de colher os benefícios da mudança.

Com o novo modelo de IVA Dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), tributos como PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI serão substituídos. A expectativa do governo é reduzir a cumulatividade e eliminar distorções históricas que há décadas encarecem o consumo no país.

Mas entre a promessa e o resultado há um caminho de transição que exigirá atenção do varejo e do consumidor.

💰 Preço do leite e dos alimentos: o que esperar

Segundo o advogado tributarista Ivson Coêlho, o impacto da reforma sobre o bolso do consumidor dependerá das alíquotas aplicadas a cada categoria. “No curto prazo, a tendência é que o consumidor sinta oscilações, especialmente em produtos de primeira necessidade. O novo modelo eliminará distorções, mas exigirá ajustes de margens e reposicionamentos de preços”, explica.

Os itens da cesta básica — como arroz, feijão, carnes, frutas, verduras e leite — devem ter tratamento diferenciado, com isenção ou alíquotas reduzidas. “A ideia é preservar o poder de compra da população e evitar que o consumidor pague mais caro por itens essenciais”, reforça Coêlho.

Já produtos considerados supérfluos — como bebidas alcoólicas e refrigerantes — poderão ter alíquotas mais altas, afetados pelo novo Imposto Seletivo (IS).

Para o consumidor, isso pode significar um alívio relativo em alimentos de base e aumento pontual em produtos industrializados ou ultraprocessados.

🏪 Supermercados e indústrias: desafios da transição

A adaptação ao novo sistema exigirá investimentos em tecnologia, treinamento e revisão de processos internos. “Haverá um custo inicial para adequação de sistemas e revisão de contratos. Esses gastos tendem a ser repassados, ao menos parcialmente, ao consumidor”, afirma Coêlho.

No entanto, após essa fase, as empresas poderão se beneficiar da redução de custos de conformidade e de um melhor aproveitamento dos créditos tributários, favorecendo a estabilidade dos preços no médio prazo.

Para Guilherme Martins, membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (ABIACOM), as grandes redes devem adaptar-se com mais facilidade. “Elas possuem sistemas robustos e consultorias especializadas, o que facilita a transição. Já os pequenos mercados podem ter mais dificuldade em compreender e aplicar as novas regras”, alerta.

Essas diferenças podem gerar volatilidade nos preços regionais, especialmente entre mercados de bairro e grandes supermercados.

💳 Split payment e fluxo de caixa

Um dos pontos mais sensíveis para o varejo é o modelo de split payment, que prevê o recolhimento automático do imposto no momento da liquidação financeira. “Isso pode reduzir a disponibilidade de capital de giro, sobretudo para pequenos varejistas. O impacto inicial pode gerar ajustes temporários de preços”, explica Martins.

📊 Risco inflacionário e perspectivas

Embora o governo prometa neutralidade tributária, especialistas alertam que o primeiro ano de vigência da reforma pode vir acompanhado de pressão inflacionária temporária.

“Nos primeiros meses, as empresas estarão se ajustando às novas regras de crédito e apuração. É possível que haja repasses pontuais de custos”, comenta Coêlho. Já Martins considera que o risco é limitado, uma vez que “os alimentos da cesta básica serão desonerados”.

Os efeitos mais visíveis devem aparecer a partir de 2027, quando a CBS substituirá integralmente o PIS e a Cofins.

🌱 Um sistema mais justo e previsível

A médio e longo prazo, a reforma deverá beneficiar o mercado e o consumidor. “O grande ganho é permitir o aproveitamento integral de créditos ao longo da cadeia produtiva, reduzindo o imposto embutido no preço final”, conclui Coêlho.

Martins reforça que o novo modelo trará mais transparência e previsibilidade, fatores essenciais para um ambiente de negócios estável e competitivo.

Para os produtores de lácteos e alimentos essenciais, a mensagem é clara: o curto prazo trará desafios, mas a consolidação do novo sistema promete um mercado mais justo, equilibrado e eficiente.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de SuperVarejo

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