O setor de laticínios no Brasil não é apenas histórico, é uma força cultural e econômica que atravessa gerações.
Com mais de 34 bilhões de litros de leite produzidos anualmente, distribuídos por 98% dos municípios, o País ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção.
É também um segmento que emprega cerca de quatro milhões de pessoas, com predominância de pequenas e médias propriedades familiares, consolidando laços profundos com as comunidades locais.
A reputação das marcas de laticínios brasileiras reflete décadas de inovação, qualidade e tradição. Segundo o Estudo de Reputação Corporativa para o Mercado de Laticínios – Brasil, conduzido pela Caliber entre abril e agosto de 2025, a familiaridade média com as marcas participantes alcançou 62%, ou seja, dois terços dos consumidores reconhecem e confiam nelas.
O estudo avaliou 17 atributos relacionados a marca e reputação, incluindo dimensões ESG (Ambiental, Social e Governança). A média consolidada do atributo Qualidade de Produtos e Serviços chegou a 87 pontos, enquanto a confiança e admiração do público marcou 88 pontos em uma escala de 0 a 100.
Esses números não apenas revelam o sucesso das marcas em construir relacionamentos sólidos com os consumidores, mas também a eficácia de suas estratégias de comunicação e presença nos lares brasileiros.
Entre as marcas líderes, Itambé e Piracanjuba se destacam tecnicamente empatadas na primeira posição, seguidas por Italac e Nestlé. O ranking evidencia que capital reputacional e familiaridade caminham lado a lado: a força da marca não é apenas reconhecida, é sentida e valorizada pelo consumidor.
A história do setor ajuda a explicar esses resultados. A partir da década de 1950, com a implementação do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), a pasteurização do leite se tornou obrigatória, criando uma base de confiança no produto.
Nos anos 1970, a substituição das embalagens retornáveis por descartáveis modernizou a indústria, expandindo o portfólio e tornando os laticínios mais acessíveis e seguros. Cada inovação reforça a percepção de qualidade, e as marcas que lideram hoje são fruto dessa trajetória de modernização e respeito ao consumidor.
O estudo também destaca os atributos ESG, uma dimensão cada vez mais valorizada pelos consumidores. A média geral consolidada foi de 85 pontos, mas a dimensão ambiental ainda oferece espaço para crescimento, refletindo uma oportunidade estratégica para as marcas se destacarem frente a desafios climáticos e sustentabilidade.
Empresas que demonstrarem engajamento real em práticas ambientais podem reforçar ainda mais a confiança e admiração do público.
A pesquisa da Caliber envolveu 1.028 avaliações online, aplicadas em todo o território nacional, garantindo robustez estatística com margem de erro de 1,4 ponto. O resultado é um retrato claro de como a reputação das marcas de laticínios brasileiras se mantém sólida, mesmo em um cenário competitivo e exigente.
A mensagem que fica é clara: no Brasil, marca familiar é marca confiável. Itambé, Piracanjuba, Italac e Nestlé não lideram apenas em vendas ou presença, mas em capital reputacional, criando vínculos duradouros com consumidores que valorizam qualidade, tradição e inovação.
Este estudo inaugura um novo parâmetro para o setor, mostrando que reputação não é apenas branding: é patrimônio estratégico, capaz de impulsionar crescimento e fidelidade em um mercado que não para de se expandir.
Para o setor lácteo, o desafio agora é manter essa confiança enquanto evoluem os padrões de sustentabilidade, qualidade e inovação, garantindo que cada litro de leite entregue ao consumidor seja também um símbolo de credibilidade e orgulho nacional.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de As marcas de laticínios líderes em reputação