ESPMEXENGBRAIND
29 dez 2025
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🧪 Pesquisa da UAQ transforma resíduos de queijo em biomaterial biodegradável para embalagens agroalimentares.
♻️ Universidade mexicana aposta em resíduos de queijo para criar alternativa ao plástico
♻️ Universidade mexicana aposta em resíduos de queijo para criar alternativa ao plástico.

Resíduos de queijo estão deixando de ser um problema ambiental para se transformar em oportunidade de inovação no setor agroalimentar.

Pesquisadores da Universidade Autônoma de Querétaro (UAQ), no México, avançam no desenvolvimento de biomateriais biodegradáveis produzidos a partir do lactossoro descartado pelas queijarias, apontando um novo caminho para a sustentabilidade da indústria láctea.

O lactossoro é um subproduto líquido gerado em grandes volumes durante a fabricação de queijos. Historicamente, seu descarte inadequado tem sido um desafio para pequenas e médias indústrias, já que possui alta carga orgânica e pode causar impactos severos ao solo e aos corpos d’água. Segundo os pesquisadores da UAQ, esse cenário motivou a busca por soluções que transformem o resíduo em matéria-prima de valor agregado.

A proposta consiste em aproveitar os polímeros naturais presentes no soro de leite para a produção de filmes biodegradáveis e materiais com potencial aplicação em embalagens. Em vez de tratar o lactossoro como um passivo ambiental, o projeto o reposiciona como insumo estratégico dentro de uma lógica de economia circular.

De acordo com os responsáveis pelo estudo, os biomateriais obtidos apresentam características de resistência e flexibilidade adequadas para usos específicos na cadeia agroalimentar. O foco inicial está no desenvolvimento de películas protetoras e embalagens de uso interno, capazes de substituir, ao menos parcialmente, os plásticos convencionais derivados do petróleo.

Do ponto de vista ambiental, o impacto é significativo. A descarga irregular de resíduos de queijo é uma das principais fontes de poluição associadas à indústria queijeira em diversas regiões produtoras do México. Ao transformar esse excedente em biomaterial, o projeto contribui para reduzir emissões indiretas, minimizar riscos sanitários e atender a exigências regulatórias cada vez mais rigorosas.

Especialistas em economia láctea avaliam que o potencial disruptivo da iniciativa vai além da sustentabilidade. Para produtores artesanais e indústrias regionais, a valorização do lactossoro pode representar uma nova fonte de receita ou, ao menos, uma redução nos custos de tratamento de resíduos. Em um cenário de margens apertadas, qualquer ganho operacional faz diferença.

A equipe da UAQ destaca que os processos utilizados envolvem etapas controladas de fermentação e síntese química, garantindo a estabilidade do material final. Embora ainda em fase experimental, os resultados iniciais indicam viabilidade técnica para aplicações reais, desde que haja investimentos em escala e adaptação industrial.

A escalabilidade, aliás, é apontada como o próximo grande desafio. Levar o biomaterial do laboratório para plantas piloto exige capital, parcerias com a indústria privada e ajustes nos processos produtivos. Ainda assim, o interesse do mercado cresce à medida que consumidores e marcas pressionam por soluções mais sustentáveis e por redução do uso de plásticos tradicionais.

Para analistas do setor, a inovação também tem valor estratégico em termos de imagem. Produtos lácteos embalados com materiais de base biológica reforçam o posicionamento ambiental das marcas e dialogam com um público cada vez mais atento à origem e ao impacto dos alimentos que consome.

A iniciativa da UAQ se insere em uma tendência global de valorização de subprodutos agroindustriais. O que antes era visto apenas como descarte passa a integrar cadeias produtivas mais eficientes, alinhadas às metas de sustentabilidade e às exigências de mercados internacionais.

Embora ainda não haja previsão para comercialização em larga escala, o projeto já posiciona a pesquisa mexicana na vanguarda do aproveitamento de resíduos de queijo. Para o setor lácteo, a mensagem é clara: investir em ciência aplicada ao lactossoro não é apenas uma questão ambiental, mas uma estratégia de competitividade de longo prazo.

Em um futuro no qual eficiência, rastreabilidade e sustentabilidade deixam de ser diferenciais para se tornarem requisitos básicos, transformar resíduos em valor pode ser o fator decisivo para a sobrevivência e a relevância da indústria queijeira.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairy News Mexico

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