O pecuarista e empresário fala sobre o trabalho que irá fazer à frente da ABCZ e da sua missão

O pecuarista e empresário fala sobre o trabalho que irá fazer à frente da ABCZ e da sua missão

 

Maria das Graças Salvador

O pecuarista e empresário Rivaldo Machado Borges Júnior será diplomado nesta terça-feira (17) na presidência da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a maior entidade de gado do mundo. Rivaldo assume para o triênio 2020-2022. Disputando em chapa única, além de Rivaldo serão diplomados o 1º vice-presidente Fabiano França Mendonça Silva; o 2º vice-presidente Marco Antônio Andrade Barbosa e o 3º vice-presidente Marcelo Antônio Neto Breijão Ártico. Em entrevista ao JORNAL DE UBERABA, Rivaldo fala sobre o trabalho que irá fazer à frente da ABCZ, e da sua missão, que será, além de um desafio, trabalhar todo mundo e prol de um resultado, que é desenvolver um processo que atenda toda a demanda no agronegócio brasileiro. Lembra que além dos pecuaristas irá trabalhar para o povo em geral e promete a volta de grandes shows durante a ExpoZebu.

 

JORNAL DE UBERABA – O senhor assume a ABCZ…

Rivaldo Machado Borges Júnior – A minha diplomação será nesta terça-feira, dia 17, e eu assumo a partir de 1º de janeiro de 2020, quer dizer, dia 2, porque dia 1º é feriado. Mas vou continua com o trabalho que essa diretoria vem fazendo, porque eu sou diretor administrativo da Pró-Genética na atual gestão. Vamos continuar fazendo o trabalho de A a Z para Todos, que era o slogan desta diretoria. O slogan da nossa diretoria é diferente, é ABCZ. Força total no campo. Vai ser uma gestão direcionada não só ao zebu, mas a todos os pecuaristas, em todos os sentidos, em defesa dos seus interesses. A ABCZ tem porte para isso, porque ela detém 90% do rebanho nacional ou é de zebu ou é azebuado. Então, acho que nós temos a obrigação olhar para a pecuária como um todo, além de cuidar da genética e da entidade, mas também fazer um trabalho direcionado à pecuária nacional.

 

JU – E como vai fazer isto?

Rivaldo Borges Jr. – Estamos finalizando com a Embrapa e já tem algum tempo que fazemos esse estudo. É um projeto que chama Integra Zebu, de recuperação de pastagem que queremos fazer a nível nacional, junto com a Embrapa, mostrar para o pecuarista que ele tem condição de renovar sua passagem através da ILP, que é Integração Lavoura, Pecuária ou ILPF, que é a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. Ele vai ter custo benefício, porque não adianta a gente promove a genética se não tem uma alimentação boa para essa genética, se a propriedade não estiver adequada para receber essa genética. Esta é a nossa preocupação. Por isso eu falo que nós vamos fazer um trabalho com o slogan força total no campo, de olhar para a pecuária como um todo. Além disso, crescer o programa de avaliação genética, o PMGZ – Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos – através da genômica. Este ano nós estamos fechando com 90 mil animais genotipados e a intenção nesses próximos três anos e fazer em torno de r$ 300 mil animais genotipados e com isso fortalecer o programa em todos os sentidos. E continuar esse trabalho também de abertura para o público da cidade e da região. Da mesma forma que nós conduzimos este processo, vamos continuar trabalhando nesse sentido, porque a ABCZ nascer e cresceu em prol das pessoas de Uberaba, dos pecuaristas da região de Uberaba e da comunidade. Ela ficou um pouco fechada ao longo de muitos anos, mas a tendência é a gente abrir a entidade cada vez mais para Uberaba e região.

 

JU – O senhor vai estender a parceria?

Rivaldo Borges Jr. – É aquele velho ditado, uma andorinha sozinha não faz verão. Eu acho que todo trabalho que foi direcionado ao agronegócio brasileiro, a agropecuária envolve agricultura também e os interesses em defesa do produtor rural, temos de fazer isso em conjunto com a CNA, com as cooperativas, o Instituto Pensar Agro, de Brasília, a Frente Parlamentar de Agropecuária. Já somos parceiros dessas entidades e acho que essa aglutinação, junção com o pessoal que defende o agronegócio vai ser muito importante e vamos ficar mais fortes. Minha visão é essa, era como eu fazia no Sindicato Rural, trabalhar todo mundo junto e prol de um resultado que é desenvolver um processo que atenda toda a demanda no agronegócio brasileiro.

 

JU – O senhor vai abrir para todos, como fazia no sindicato?

Rivaldo Borges Jr. – Eu trabalhava para todos, mesmo os que não eram sócios do sindicato. Se a gente for analisar hoje, no cenário nacional, os grandes pecuaristas hoje são a somatória dos pequenos, nós temos hoje em torno de 4,3 milhões de pequenos agropecuaristas no Brasil. Destes, 3,3 são pecuaristas, falo que é um gigante adormecido. A ABCZ criou o Pró-Genética e me incumbiram de tocar este programa, em função da afinidade que eu tenho com sindicatos rurais, por conhecer bem a causa do produtor rural. Quando peguei o programa ele funcionava em oito Estados e hoje ele funciona em 24 Estados. O último estado que assassinou foi o Ceará. Até na Amazônia já assinamos este projeto, que leva o touro melhorador para dentro da pequena propriedade tanto para a melhoria de leite como na de carne. O pequeno produtor já tem acesso, através de parceria entre a ABCZ, Emater, sindicatos rurais, federações da agricultura, CNA, entidades financeiras. Esse programa é uma feira que a gente faz dentro do parque de exposição, um dia só de feira, onde o produtor leva o seu touro melhorador e vai um pequeno para conhecer esse animal. Antes da feira, nós ministramos palestra para mostrar para ele a viabilidade de ele levar esse touro melhorador ele para dentro da sua propriedade. O sucesso desse programa é fantástico e posso dizer que é um programa social para genética, porque consegue elevar a renda do pecuarista. Se ele coloca um touro melhorador dentro da sua propriedade, vai nascer um produto 50% melhor, o programa consegue transmitir 50% da genética. Se você leva um produtor de carne vai nascer um bezerro 50% melhor para carne, e se for de leite, vai nascer 50% melhor para leite. E este pequeno produtor tem acesso a este programa, com linhas de crédito especiais, que é o Pronaf. É um grande passo que estamos dando, e a ABCZ, na nossa visão, hoje ela é aberta para o público em geral, principalmente para o pequeno. Não tem está de elite não. Nós temos de olhar para o produtor rural como um todo. Inclusive, nós criamos no ano passado, dentro da ExpoGenética, uma feira que tem em agosto, a Expomaq, um projeto de vender máquina para pequeno produtor. Além de ter uma linha especial de financiamento dentro da ExpoGenética, é importante trazer o pequeno produtor para mostrar para ele que ele também é parceiro da ABCZ. Se ele quiser somar conosco, estamos de portas abertas para atender da melhor forma possível. Essa ABCZ de A a Z, para todos vai continuar para sempre. Mudamos o slogan porque vamos fazer um trabalho da porteira para dentro, também defesa do produtor, mas essa visão de abertura de aglutinar todos, nós vamos dar continuidade, com certeza. Este é o espírito que eu e a diretoria que vai assumir tem e que já vem do Sindicato Rural. Nós temos que dar a mão para o pequeno, porque a força do agronegócio está também no pequeno e somados são os maiores do Brasil.

 

JU – O agronegócio move o Brasil, como o senhor vê este momento?

Rivaldo Borges Jr. – Momento importante, porque quer queira quer não, o alicerce do país é da porteira pra dentro. Nós conseguimos evoluir ao longo dos anos em tecnologia, em produção, e hoje somos o maior exportador de carne do mundo, somos grandes exportadores de várias commodities da agricultura, como soja, milho, algodão, amendoim. O Brasil, até na década de 70, 60, era o importador de alimento hoje nós somos o berço do alimento no mundo. Hoje o Brasil tem condição de segurar essa demanda de alimento do mundo e temos condições de desenvolver cada vez mais. Recentemente aconteceu uma coisa positiva, que foi a recuperação do preço da carne. O pecuarista não estava aguentando mais. Se olhar dentro da pecuária nacional, 70% das propriedades do pecuarista estão com os pastos degradados porque não tinha rentabilidade. Essa evolução do preço da carne nos últimos dias vai dar condições para o pecuarista investir no seu negócio, melhorar mais ainda produção de carne. Isso é um grande avanço que vamos ter ao longo dos anos.

 

JU – Estão falando que o preço da arroba do boi vai entrar em um patamar mais baixo, embora não caia tanto…

Rivaldo Borges Jr. – Nem pode voltar ao patamar anterior, porque o pecuarista está sufocado, sem renda.  Estava conversando recentemente com a secretária Agricultura de Minas e ela me mostrou um estudo que eles fizeram, mostrando que 75% das propriedades pecuárias do Brasil estão degradadas, porque não tem investimento, não tem renda. Ao longo dessas décadas, os insumos subiram e nós não acompanhamos a mesma evolução do crescimento que estes produtos tiveram. Agora esse aumento, que a gente não esperava que avançasse tanto e é óbvio que vai haver o equilíbrio. Foi a R$ 230/R$ 235, vai ter o equilíbrio, mas o preço que tinha, jamais. Até porque é inviável para conduzir. Porque muitas fazendas se tornaram fornecedoras de cana, muito pecuarista saiu da sua atividade e arrendou sua fazenda para a cana, porque é uma atividade que dá. Já o agricultor que está na atividade continua, porque as commodities melhoraram. Agora, a carne, agora que o pecuarista está botando o nariz para fora da água para respirar melhor para realinhar o seu negócio e fazer investimento para que ele possa produzir mais e mais e melhor.

 

JU – Com o leite é a mesma coisa?

Rivaldo Borges Jr. – O leite existe uma sazonalidade aos longos dos anos e acho que o problema é governamental por causa das impostações, e quem paga a conta de novo é o pecuarista. Para ver o tanto que a pecuária de carne e de leite foi sacrificada ao longo desses anos. O leite, entra a entressafra e o leite dobe um pouco e depois cai absurdamente. É em desiquilíbrio e tem de encontrar um equilíbrio também para que este produtor rural também consiga manter.

 

JU – E o aumento todo não vai para o pecuarista.

Rivaldo Borges Jr. – Às vezes o lucro fica com no frigorífico, nas cooperativas. Essa turma tem a sua margem e o problema é muito sério. Se for analisar, o alimento no Brasil em relação a outros países é muito baixo. Hoje compramos um marmitex por R$ 12, R$ 15. Se for em outros países, a diferença é monstruosa. Um quilo de carne na Europa e nos Estados Unidos é absurdo. Até o consumo é muito diferenciado do nosso. No Brasil, na maioria das vezes a gente come carne todos os dias e nesses países não. Eu acho que tem que ter um equilíbrio para não sacrificar o produtor, e, é óbvio, não podemos ficar bancando isso é com prejuízo.

 

JU – Para o senhor, a presidência da ABCZ será tranquila.

Rivaldo Borges Jr. – Não, tudo na vida é um desafio. Mas o mais importante de tudo é que está no sangue. Eu sou de uma família da terceira geração da criação de Zebu e hoje eu crio nelore PO. Este ano nós estamos completando 113 anos de seleção, sempre digo que quando nascemos enterraram nosso umbigo na fazenda e a gente deve muito a esta entidade. Eu quero continuar esse trabalho feito pelo Arnaldo e fazemos com amor, carinho e muita dedicação e experiência que a gente tem de vida, para ajudar muito. Temos dentro da ABCZ colaboradores eficientes, comprometidos e que realmente vestem a camisa da entidade e com a diretoria que vai vão ajudar muito. Mesmo porque o presidente sozinho não consegue fazer um trabalho que traga resultado, temos de trabalhar em equipe eu acho que vai somar para que a gente possa fazer uma administração brilhante nestes próximos três anos.

 

JU – A ExpoZebu continuará a ser a festa do povo do Brasil e do mundo inteiro?

Rivaldo Borges Jr. – No ano passado recebemos 36 delegações estrangeiras para conhecer o nosso produto. O lema da nossa campanha quando ganhamos foi ABCZ de A a Z para todos, mesmo. Não é só para atender o produtor rural, mas para todos da comunidade e da região. Essa participação é muito importante, vai continuar e vamos tentar cada vez melhorar. Vamos ter shows novamente que foi um compromisso da nossa gestão, trazer cantores renomados, dar alegria para o povo e, com isso, a cidade também ganha com as atividades paralelas, hotéis, comércio. Vamos pensar no conjunto e a intenção é sempre fazer um trabalho para que essas pessoas também possam usufruir dessa entidade, para o comércio ser mais dinâmico e ativo durante a ExpoZebu. Hoje temos dentro do Parque de Exposições um parque para crianças, academia, bicicletário tudo de graça a qualquer hora do dia. Criamos mais sanitários para facilitar para as pessoas e vamos dar continuidade.

 

JU – O senhor quer fazer mais alguma colocação?

Rivaldo Borges Jr. – Só agradecer o apoio que nós tivemos na eleição, agradecer a diretoria que está saindo é que me apoiou 100% para ser o novo candidato, tivemos chapa única, até porque fizemos um trabalho muito bem feito. Agradecer os produtores confiaram em mim. Aprendi muito com a atual diretoria, com o presidente Arnaldo, que é meu primo e irmão de coração, uma pessoa que admiro e respeito muito. Agradecer a Iara, esposa dele, que desenvolveu um projeto social maravilhoso e vamos dar continuidade. Ela criou o ABCZ do Bem e a ABCZ Mulher, neste sentido ela evoluiu muito, coisa que não tinha no passado. É um projeto fantástico, que vem atender os anseios dos menos favorecidos em Uberaba e região. Agradecer a imprensa falada, escrita, televisionado porque sempre conseguimos mostrar o nosso trabalho. É muito gratificante ter o apoio de vocês, divulgar o nosso trabalho e mostrar para a comunidade o que estamos fazendo. Também agradecer os parceiros, CNA, Embrapa, Emater, cujo presidente atualmente é o Gustavo, que é de Uberaba e faz um grande trabalho.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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