ESPMEXENGBRAIND
10 set 2025
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Em 2024, o leite gerou R$ 7,92 bilhões no RS. O estado exportou US$ 24 mi, mas importou US$ 83,4 mi, segundo a Radiografia da Agropecuária Gaúcha.
Cuba absorveu 76,7% das exportações lácteas gaúchas em 2024, enquanto o Uruguai respondeu por 97,1% das importações. RS
Cuba absorveu 76,7% das exportações lácteas gaúchas em 2024, enquanto o Uruguai respondeu por 97,1% das importações.

Leite no RS foi destaque na edição 2025 da Radiografia da Agropecuária Gaúcha, lançada neste mês pelo Departamento de Governança dos Sistemas Produtivos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

O documento oficial detalha números de rebanho, produção, valor econômico e comércio exterior da bovinocultura de leite gaúcha, evidenciando tanto a relevância social quanto os desafios de mercado.

Segundo a publicação, em 2025 o rebanho declarado do Rio Grande do Sul soma 1,04 milhão de bovinos destinados à atividade leiteira.

Em 2023, a produção totalizou 4,14 bilhões de litros de leite, movimentando um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 7,92 bilhões em 2024. Esses números confirmam o peso estratégico do setor dentro da economia agropecuária estadual.

Comércio exterior: exportações limitadas, importações elevadas

Os dados mostram que, em 2024, o Rio Grande do Sul exportou lácteos para 44 países, gerando US$ 24 milhões em receitas, o que garantiu ao estado a terceira posição no ranking nacional de exportadores.

O principal destino foi Cuba, que absorveu US$ 18,4 milhões em produtos lácteos gaúchos, equivalente a 76,7% do total exportado. Em seguida aparecem Uruguai (US$ 2 milhões; 8,5%), Chile (US$ 1,3 milhão; 5,3%), Filipinas (US$ 1,2 milhão; 5,0%) e Paraguai (US$ 0,5 milhão; 2,4%).

Por outro lado, as importações de lácteos foram significativamente mais altas, atingindo US$ 83,4 milhões no mesmo ano.

O destaque absoluto foi o Uruguai, responsável por 97,1% do valor importado (US$ 80,9 milhões e 24,7 mil toneladas). Outros fornecedores tiveram participação marginal, como Itália (1,6%), Estados Unidos (0,9%), Argentina (0,3%) e Países Baixos (0,2%).

Esse desequilíbrio evidencia a forte dependência externa, sobretudo do mercado uruguaio, que domina o abastecimento do estado.

Estrutura produtiva e industrial

A Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2025 mostra também a capilaridade da atividade leiteira. O RS conta com pouco mais de 30 mil propriedades que têm no leite uma fonte de renda.

O estado abriga 240 estruturas de industrialização, sendo a maioria (69%) vinculada ao Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Outros 13% estão sob a Coordenação de Inspeção de Produtos de Origem Animal (CISPOA) e 18% no Sistema de Inspeção Federal (SIF).

A publicação destaca ainda que a profissionalização crescente, aliada à adoção de novas tecnologias, tem sido tendência e necessidade para a continuidade da atividade no campo.

Perfil do rebanho

O levantamento detalha a composição etária dos animais no estado. Em 2025, havia:

  • 202.141 bovinos de 0 a 12 meses,

  • 174.625 de 13 a 24 meses,

  • 141.715 de 25 a 36 meses,

  • 526.012 com mais de 36 meses.

Esse perfil indica predominância de animais adultos, essenciais para manter a produção estável em um cenário de custos elevados e competição internacional.

Principais municípios produtores

De acordo com a Radiografia, os dez maiores rebanhos leiteiros do estado em 2025 estão localizados em: Santo Cristo, Augusto Pestana, Crissiumal, Cândido Godoi, Ijuí, Campina das Missões, Marau, São Francisco do Sul, Ibirubá e Três Passos.

Essa distribuição reforça a relevância regional da bovinocultura de leite, presente em praticamente todos os municípios gaúchos.

Reflexões e desafios

Os dados oficiais escancaram um paradoxo: enquanto o Rio Grande do Sul é referência em produção leiteira e mantém exportações consistentes, a balança comercial do setor segue deficitária, puxada pela alta dependência do Uruguai.

Para os produtores e indústrias locais, o desafio passa por ampliar a competitividade, reduzir custos e diversificar destinos comerciais.

A profissionalização crescente e a introdução de novas tecnologias surgem como caminhos estratégicos para enfrentar um mercado cada vez mais globalizado.

Valéria Hamann

EDAIRYNEWS

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