ESPMEXENGBRAIND
29 dez 2025
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🌱 Após perder consumidores para produtos de origem animal, o plant-based entra em fase de ajuste e aposta em inovação funcional.
🌱 O plant-based não morreu: mudou de foco e prepara uma nova onda de crescimento até 2026.
🌱 O plant-based não morreu: mudou de foco e prepara uma nova onda de crescimento até 2026.

O mercado plant-based atravessa um momento de inflexão. Após um crescimento acelerado no início da década, o setor perdeu fôlego nos últimos anos, pressionado por mudanças no comportamento do consumidor, inflação de preços e questionamentos sobre ultraprocessamento, sabor e funcionalidade dos produtos.

Antes vistos como alternativas mais saudáveis, sustentáveis e alinhadas ao bem-estar animal, os produtos plant-based passaram a enfrentar concorrência direta dos alimentos de origem animal, que recuperaram espaço nas escolhas do consumidor. Nos Estados Unidos, cerca de dois terços dos consumidores de carnes vegetais retornaram às proteínas convencionais, enquanto 83% dos compradores de bebidas vegetais voltaram ao leite de origem animal, segundo dados de mercado.

Ainda assim, o setor não está em retração estrutural. De acordo com Angela Flatland, diretora sênior da área plant-based da consultoria SPINS, o segmento vive uma fase natural de “reset e reequilíbrio”. Em apresentação recente, a executiva avaliou que o período entre 2024 e 2025 marcou a maturação da categoria, abrindo caminho para uma nova onda de crescimento a partir de 2026.

Apesar da perda de participação para produtos tradicionais, os números mostram que as vendas permanecem resilientes, sustentadas por nichos específicos e por uma mudança clara de estratégia. Em vez de competir diretamente no “prato principal”, o plant-based avança agora em categorias de menor risco para o consumidor, como snacks, bebidas prontas para consumo e produtos funcionais.

A SPINS projeta que os principais polos de inovação estarão em itens de lanche, bebidas RTD (ready to drink) e suplementos proteicos. A lógica, segundo a consultoria, é simples: o consumidor está mais disposto a experimentar um snack ou uma bebida do que substituir uma refeição completa por uma alternativa vegetal.

Nesse movimento, iogurtes plant-based, barras funcionais, shakes refrigerados e smoothies lideram o lançamento de novos SKUs. A expectativa é de crescimento contínuo em produtos ricos em proteína, com baixo teor de açúcar e apelo funcional, especialmente ligados à saúde intestinal e ao bem-estar diário.

Karla Baptiste, gerente de insights da SPINS, destacou o papel estratégico do canal natural e orgânico nessa retomada. Segundo ela, esse canal funciona como incubadora de tendências, oferecendo sortimento mais amplo, espaço dedicado à inovação e consumidores mais fiéis e menos sensíveis a preço.

Dentro desse ambiente, algumas categorias se destacam com crescimento expressivo. Bebidas funcionais e kombucha lideram, com alta superior a 29% em relação ao ano anterior. Na sequência aparecem sucos refrigerados e bebidas à base de suco (+18%), iogurtes (+18%), barras de snack (+17%), massas e bases para confeitaria (+9%) e cremes vegetais para café (+7%).

Jennifer Dackor, gerente sênior de insights da SPINS, apontou o iogurte como um dos grandes vencedores recentes. Para ela, trata-se de um produto percebido como naturalmente nutritivo, conveniente e adequado para diferentes momentos do dia. No caso das versões plant-based, fatores como sensibilidade à lactose e perfis diferenciados de gordura explicam a escolha do consumidor.

A simplicidade aparece como elemento central desse sucesso. Em contrapartida, os maiores recuos no universo plant-based foram registrados em produtos altamente processados, como queijos vegetais refrigerados, alternativas à carne e refeições congeladas.

Olhando para 2026, a expectativa é de continuidade do crescimento nas barras de bem-estar, iogurtes vegetais e bebidas refrigeradas ricas em proteína. Segundo Dackor, esses produtos evoluem não apenas em formato, mas também em atributos, acompanhando megatendências como probióticos, fibras, proteínas e rótulos mais limpos.

Os claims de rótulo ganham papel decisivo nessa disputa. No universo plant-based, certificações como fair trade (+40%), orgânico (+29%) e baixo teor de sódio apresentaram crescimento relevante. Há também avanço em selos como orgânico regenerativo e livre de resíduos de glifosato, reflexo de uma preocupação crescente com sustentabilidade e segurança alimentar.

No campo dos ingredientes, a busca por funcionalidade dita o ritmo. Chá verde, matcha, cogumelos funcionais, maca, probióticos, fibras e novas fontes de proteína vegetal — como semente de abóbora, cânhamo, grão-de-bico e feijões — aparecem entre os destaques e devem seguir em alta no próximo ciclo.

Para Angela Flatland, a competição entre produtos de origem animal e plant-based tende a elevar o padrão de toda a indústria. Segundo ela, o consumidor continuará transitando entre categorias, conforme os produtos entreguem melhor nutrição, funcionalidade e valor percebido.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Reporter

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