O recuo na captação leiteira do Mato Grosso do Sul tem provocado alta nos preços como também maior custo na produção. Dados do total captado pelas indústrias inscritas no SIF – Serviço de Inspeção Federal, mostram que entre janeiro e abril deste ano a obtenção de leite no Estado somou 65,3 milhões de litros – uma queda de 1,2% em relação ao ano anterior, quando o volume produzido totalizou 66 milhões de litros.
De acordo com a Pesquisadora do Cepea Natália Grigol, o recuo na captação do leite do Mato Grosso do Sul é consequência da sazonalidade climática no pasto nesta época do ano: “A região Centro – Oeste do Brasil passa por um período de seca nessa época do ano. Como resultado, a oferta de pastagem para as vacas diminuem. Os animais comendo menos irão ter uma demanda produtiva menor”.
Segundo o Conseleite, com a queda no volume o preço registrou alta de 9% entre 2018 e 2019, passando de R$ 0,95 para R$ 1,04 o litro no Estado.
A pesquisadora observa também que, ao contrário da parte Centro-Oeste do país, os Estados da região sul do Brasil – como Santa Catarina e Rio Grande do Sul – possuem um sistema produtivo para a pastagem de inverno, onde a retirada do leite não está sofrendo com a condições climáticas.
Por essa razão, os dados divulgados pelo Conseleite na última terça-feira, 25 de junho, indicam que o valor de referência projetado para junho na parte gaúcha do país é de R$ 1,1297 o litro – valor 4,14% menor do que o consolidado de maio, que fechou em R$ 1,1784.
Grigol aponta ainda que o recuo na captação leiteira são reflexos da quebra produtiva em 2017. “A crise de 2017 exigiu investimentos que não foram feitos. Muitos produtores saíram pela forte queda na produção. Dos que ficaram, diversos entraram em endividamentos para se manterem no segmento”.
Vale lembrar que, em 2017,o leite longa vida viveu uma crise provocada pela demanda débil num momento de aumento da oferta da matéria-prima no Brasil, resultado do pouco apetite do consumidor e da maior produção de leite no país.
“A conjuntura de 2019 está fazendo com que os preços se valorizem pela indústria devido a baixa disponibilidade da matéria prima no campo”, conclui a pesquisadora.