Report N° 82 | South Dairy Trade (SDT) revela nesta edição uma fotografia divergente entre os vizinhos do Mercosul.
Enquanto a Argentina mantém preços firmes, com alta média de 5,9% em junho, o volume exportado recuou 19%, acendendo alertas para o mercado brasileiro que depende dessa oferta. Já o Uruguai surpreendeu em julho: aumentou em 27,5% o volume e alcançou 38 destinos, embora com recuo de 3,85% no preço médio.
South Dairy Trade ARGENTINA:
Preço sustenta o mercado, mas o volume de exportação cai na primeira quinzena de junho
Na primeira quinzena de junho, o mercado argentino de lácteos apresentou uma recuperação nos preços médios de exportação, chegando a US$ 4.189,52 por tonelada, o que representa um aumento de 5,9% em relação à segunda quinzena de maio (US$ 3.954,57).
Entretanto, essa recuperação nos valores foi ofuscada por uma queda acentuada de 19% no volume exportado, de 14.261 toneladas para 11.546 toneladas no mesmo período comparativo.
Essa contração marca um sinal de alerta em relação à dinâmica operacional do comércio exterior de lácteos da Argentina, que, embora encontre preços melhores, enfrenta limitações no ritmo de colocação. Quanto à diversificação de mercados, pode-se observar uma ligeira melhora: de 30 para 31 destinos.
Leite em pó integral
- Preço: U$D 4.245,83
- Variação: +0,68%
- Toneladas exportadas: 4.282,18
Leite em pó desnatado
- Preço: U$D 3.468,19
- Variação: +4,75%
- Toneladas exportadas: 1.032,69
Queijo semiduro
- Preço: U$D 4.749,50
- Variação: +0,33%
- Toneladas exportadas: 3.982,21
Queijo duro
- Preço: U$D 6.433,90
- Variação: -1,05%
- Toneladas exportadas: 356,92
Butter
- Preço: U$D 6.723,01
- Variação: +3,89%
- Toneladas exportadas: 421,81
ButterMilk
- Preço: U$D 2.900,00
- Variação: As exportações voltaram a ser registradas nesse período
- Toneladas exportadas: 25
Soro de Leite Permeado
- Preço: U$D 617,89
- Variação: +5,85%
- Toneladas exportadas: 456,40
Soro de Leite Parcialmente Desmineralizado (D40%)
- Preço: U$D 994.26
- Variação: -12,6%
- Toneladas exportadas: 519,60
Whey Protein Concentrate Powder 35% (WPC 35%)
- Preço: U$D 2.392,61
- Variação: -0,08%
- Toneladas exportadas: 345
Proteína concentrada do soro de leite em pó 80% (WPC 80%)
- Preço: U$D 6.966,67
- Variação: -4,94%
- Toneladas exportadas: 124,80
South Dairy Trade URUGUAY:
Mais volume e mais destinos, mas com um ajuste nos preços das exportações de laticínios do Uruguai
Na primeira quinzena de julho, as exportações de produtos lácteos do Uruguai apresentaram uma forte recuperação em termos de volume e escopo geográfico, embora com uma queda nos preços médios.
O preço médio de exportação foi de U$D 3.921,28 por tonelada, o que representa uma queda de 3,85% em relação à segunda metade de junho (U$D 4.078,56).
Essa queda ocorre em um contexto de crescimento de 27,5% no volume exportado, com 8.167 toneladas, em comparação com 6.404 toneladas no período anterior.
Em termos de mercados de destino, o crescimento também foi significativo: o Uruguai passou de 34 para 38 destinos, consolidando sua posição como exportador diversificado no setor lácteo regional.
Conclusão: a primeira metade de julho deixou sinais contraditórios.
Por um lado, houve maior penetração internacional e um aumento significativo nas toneladas colocadas; por outro lado, essa expansão foi acompanhada por uma correção nos preços médios, o que levanta dúvidas sobre as margens comerciais diante de uma estratégia de maior volume.
Leite em pó integral
- Preço: U$D 4.134,84
- Variação: +1,58%
- Toneladas exportadas: 6.292,58
Leite em pó desnatado
- Preço: U$D 3.495,00
- Variação: +10,67%
- Toneladas exportadas: 936,96
Queijo semiduro
- Preço: U$D 4.841,79
- Variação: -1,38%
- Toneladas exportadas: 51,01
Queijo duro
- Preço: U$D 6.580,95
- Variação: -4,48%
- Toneladas exportadas: 46,52
Butter
- Preço: U$D 6.623,93
- Variação: +1,51%
- Toneladas exportadas: 207,53
ButterMilk
- Preço: U$D 2.834,20
- Variação: Foram registradas exportações nesse período
- Toneladas exportadas: 25
Soro de Leite Parcialmente Desmineralizado (D40%)
- Preço: U$D 1.208,36
- Variação: +1,23%
- Toneladas exportadas: 607,75
Brasil no fio da navalha: estratégia agora ou risco depois
Os dados da SDT e do Cepea expõem um mercado brasileiro que caminha sobre gelo fino.
A oferta doméstica está elevada, derrubando preços ao produtor, mas os estoques não garantem segurança de médio prazo.
Se a Argentina reduzir volumes e o Uruguai vender barato para outros destinos, o Brasil pode ser forçado a comprar mais caro.
Para os importadores, é hora de antecipar contratos com fornecedores estratégicos e diversificar origens, evitando ficar refém de um único fluxo.
Para a indústria, o momento pede ajustes finos: equilibrar compras externas com estoques internos, enquanto monitora custos crescentes e demanda instável.
A pergunta que não quer calar é: o Brasil vai usar essa janela para negociar melhor ou vai pagar o preço de reagir tarde?
Valéria Hamann
EDAIRYNEWS