ESPMEXENGBRAIND
20 maio 2025
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Com o consumo retraído, custos em alta e importações ainda pressionando o mercado, o setor lácteo brasileiro entra no segundo trimestre com desafios que exigem estratégia, equilíbrio e visão de futuro.
lacteo
As importações continuam sendo um fator relevante para o setor.

O setor lácteo brasileiro avança para o segundo trimestre de 2025 diante de um cenário que inspira atenção e estratégia.

Após três meses consecutivos de valorização, o preço médio do leite captado em março alcançou R$ 2,8241/litro na “Média Brasil”, com alta real de 15% em relação ao mesmo mês de 2024, segundo o Boletim do Leite do Cepea/ESALQ-USP.

Ainda assim, sinais de desaceleração na ponta consumidora e pressão de custos indicam um momento que exige leitura fina dos movimentos do mercado.

⚖️ Consumo mais lento e cautela no atacado

Mesmo com estoques sob controle, o ritmo das vendas de lácteos em abril ficou abaixo do esperado. No estado de São Paulo, os preços do leite UHT e do queijo muçarela recuaram 0,79% e 2,77%, respectivamente, enquanto o leite em pó fracionado (400g) teve valorização de 2,38%.

Esse desempenho desigual revela um mercado sensível à renda do consumidor e à dinâmica dos canais de distribuição.

🌍 O peso das importações e o papel da concorrência internacional

As importações continuam sendo um fator relevante para o setor. Em abril, o Brasil importou 162 milhões de litros em equivalente leite, com retração de 11% frente a março.

Ainda assim, produtos como o leite em pó continuam competitivos: segundo o South Dairy Trade, Argentina e Uruguai ofertaram o produto integral a preços entre US$ 3.200 e US$ 3.500 por tonelada, valores que seguem atraentes para compradores brasileiros.

Enquanto isso, as exportações caíram 41% no comparativo mensal, o que ampliou o déficit da balança comercial do setor para 158 milhões de litros em equivalente leite, com um saldo negativo de US$ 72,9 milhões.

Essa realidade reforça a necessidade de políticas de equilíbrio: garantir que o mercado interno não seja sufocado por importações em momentos de sensibilidade, ao mesmo tempo em que se busca maior presença internacional para os produtos brasileiros.

📊 Custo segue no radar: nutrição animal pesa no bolso do produtor

No campo, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) caiu apenas 0,2% entre fevereiro e março, indicando estabilidade na oferta. Contudo, os custos de produção continuam subindo: o Custo Operacional Efetivo (COE) aumentou pelo quarto mês consecutivo, puxado principalmente pelos concentrados.

Em março, o produtor precisou de 31,55 litros de leite para comprar uma saca de milho de 60 kg, 25% acima da média dos últimos 13 meses.

Mesmo com a queda recente no preço do milho, as expectativas são de que a nutrição do rebanho permaneça onerosa, especialmente nas regiões que dependem de suplementação durante o período seco.

🧭 Uma cadeia que precisa olhar para o médio prazo

Para eDairyNews Brasil, o momento pede atenção, mas também planejamento. A valorização do leite no primeiro trimestre trouxe alívio importante para o produtor, mas os próximos meses exigem gestão cautelosa dos custos e foco na eficiência. A indústria, por sua vez, terá o desafio de equilibrar preços competitivos com margens apertadas.

Do lado das políticas públicas, o debate sobre a regulação das importações e o fortalecimento da competitividade interna precisa seguir amadurecendo, com foco em previsibilidade e sustentabilidade da cadeia.

📌 Conclusão

O segundo trimestre de 2025 não traz um cenário alarmante, mas sim desafiador. O desempenho dependerá da evolução do consumo interno, do comportamento do câmbio, da dinâmica das importações e da capacidade da cadeia de leite brasileira de se adaptar e inovar.

 

Fonte principal: Boletim do Leite – Cepea/ESALQ-USP, maio de 2025.
Complementos: Secex, South Dairy Trade, entrevistas com cooperativas e analistas do setor.

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