O selo Beef on Dairy foi oficialmente lançado na tarde desta segunda-feira (1º), durante a 48ª Expointer, em Esteio (RS).
A iniciativa, apresentada pela Associação Brasileira de Angus e Ultrablack, tem como objetivo estimular o cruzamento de vacas leiteiras das raças Holandês e Jersey com touros Angus.
A estratégia busca gerar carne de alta qualidade, ampliar a oferta de cortes premium no mercado e, ao mesmo tempo, diversificar a renda dos produtores de leite.
O presidente da Associação Brasileira de Angus, José Paulo Dornelles Cairoli, ressaltou a importância da certificação para a pecuária nacional.
Segundo ele, o Brasil tem condições ideais para adotar práticas que já se consolidaram em outros países. “Essa já é uma estratégia reconhecida internacionalmente, e o Brasil, que possui o maior rebanho comercial do mundo, não poderia ficar de fora. Nosso projeto é o casamento perfeito entre as raças.
O produtor se beneficia com mais alternativas de renda e o consumidor encontra uma carne diferenciada. Quem já provou sabe o resultado”, destacou, em nota oficial.
Demanda do setor e parâmetros claros
De acordo com Leandro Hackbart, conselheiro técnico da Associação Brasileira de Angus e também da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), o lançamento do selo atende a uma necessidade apontada pelo próprio setor.
“Nada mais fizemos do que criar parâmetros claros, garantindo transparência e segurança ao produtor de Holandês e Jersey na hora de adquirir genética Angus. Para o consumidor, isso se traduz em confiança e qualidade alimentar”, afirmou.
A criação de uma certificação específica contribui para padronizar práticas de cruzamento entre gado de leite e de corte, uma tendência que vem ganhando força em várias partes do mundo. No Brasil, a proposta reforça tanto a importância da integração entre os sistemas produtivos quanto a busca por valor agregado.
Critérios técnicos e rigor científico
O chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso, explicou que a concessão do selo Beef on Dairy seguirá critérios técnicos rigorosos. Entre os parâmetros avaliados estão peso ao nascer, ganho de peso em diferentes fases de crescimento, área de olho de lombo e conformação de carcaça.
Esses indicadores científicos são fundamentais para assegurar que os animais resultantes do cruzamento apresentem desempenho adequado e se enquadrem nos padrões de qualidade exigidos pelo mercado de carne premium.
Programa Promebo e acesso à genética
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira de Angus, Mateus Pivato, o Programa de Melhoramento Genético de Bovinos de Carne (Promebo) já disponibiliza o selo para centrais de sêmen e criadores que utilizam touros com características compatíveis com os padrões técnicos estabelecidos.
O Promebo é uma das principais ferramentas de avaliação genética do Brasil e tem papel estratégico na consolidação do Beef on Dairy como diferencial competitivo. Para os produtores de leite, a iniciativa abre espaço para transformar bezerros machos, que muitas vezes representam um desafio econômico, em animais de corte com valor de mercado.
Participação de entidades parceiras
O lançamento oficial do selo contou com a presença de representantes de diversas entidades do setor pecuário.
Estiveram no evento Joaquim Villegas, presidente da ANC; Vener Ebert Enns, representante da Associação de Criadores de Gado Jersey do Rio Grande do Sul (ACGJRS); e Marcos Tang, presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) e da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando).
A presença dessas instituições reforça o caráter coletivo e colaborativo da iniciativa, que pretende beneficiar tanto a cadeia leiteira quanto a de carne bovina.
Um caminho de integração e valor agregado
O selo Beef on Dairy surge em um momento em que a pecuária brasileira busca soluções inovadoras para enfrentar desafios de mercado e ao mesmo tempo ampliar sua competitividade internacional.
Para os produtores de leite, a possibilidade de gerar renda adicional a partir do cruzamento com Angus representa uma alternativa concreta de sustentabilidade econômica.
Para o consumidor final, a proposta garante acesso a carne de qualidade superior, fruto de um processo transparente e respaldado por critérios técnicos.
Para o setor como um todo, o selo simboliza uma nova etapa de integração entre leite e carne, fortalecendo o papel do Brasil como protagonista no fornecimento de proteína animal ao mundo.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de