Gigante do agro deixou de ser apenas um rótulo simbólico e passou a definir, com precisão, o novo papel de Sergipe no mapa agrícola brasileiro.
Em 2025, o menor estado do país consolidou uma revolução silenciosa no campo e passou a disputar protagonismo com regiões historicamente mais extensas, apostando em produtividade extrema, tecnologia e integração com a indústria.
Com território cerca de 13 vezes menor que São Paulo, Sergipe não teve alternativa senão extrair o máximo de cada hectare. Segundo técnicos do setor, a estratégia foi clara: intensificação vertical, uso rigoroso de tecnologia e foco em valor agregado. O resultado apareceu em diferentes cadeias produtivas, do milho ao leite, da laranja ao camarão.
Na safra imediatamente anterior a 2025, Sergipe registrou a maior produtividade média de milho do Brasil, alcançando 5.107 quilos por hectare. O desempenho colocou o estado à frente de tradicionais líderes nacionais, demonstrando que eficiência pode compensar limitações territoriais. A produção total ultrapassou 1 milhão de toneladas, sustentada por sementes modernas, manejo preciso e uso intensivo de irrigação.
O milho verde também ganhou relevância econômica. Nos perímetros irrigados, a produção projetada para 2025 chegou a 4,5 milhões de espigas, destinadas principalmente às festas juninas do Nordeste. Para pequenos produtores, esse mercado sazonal garantiu fluxo de caixa rápido e integração direta com o consumo regional.
No leite, o avanço foi ainda mais simbólico. Em pleno semiárido, Sergipe construiu uma das bacias leiteiras mais eficientes do país. A região de Nossa Senhora da Glória consolidou-se como a capital estadual do leite, reunindo rebanhos adaptados ao calor e sistemas intensivos de produção.
Dados de 2025 apontam Sergipe como o segundo estado em produtividade de leite por vaca no Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Sul. No Alto Sertão, a média anual chegou a 3.960 litros por animal, quase três vezes a média nacional. Técnicos atribuem o resultado à combinação de genética girolando, programas públicos de inseminação artificial e uso intensivo da palma forrageira, que fornece alimento e hidratação mesmo em períodos de seca prolongada.
Esse leite não para no campo. Ele abastece uma indústria em expansão, que transforma a matéria-prima em queijos, bebidas lácteas e outros derivados, distribuídos para diferentes mercados do Nordeste. Empresas locais ampliaram investimentos, apoiadas na regularidade e na qualidade da produção regional.
A agroindústria sergipana também se destaca fora da cadeia do leite. Em Lagarto, nasceu o grupo Maratá, hoje uma das marcas de café da manhã mais consumidas do Brasil. Com fábrica em Estância considerada entre as mais modernas da América Latina, o grupo reforça o papel do estado na transformação de commodities em produtos industrializados.
Na fruticultura, Sergipe consolidou um cinturão de laranja nas regiões de Boquim e Estância. Segundo agentes do setor, o estado é o segundo maior produtor de laranja do Nordeste e, em 2025, aproveitou a alta histórica dos preços internacionais do suco. O pico da safra alterou a rotina local, com filas diárias de cerca de 200 caminhões aguardando descarga nas indústrias.
Para atender à demanda, empresas ampliaram estruturas. Houve instalação de novas extratoras e aumento de capacidade industrial, transformando Sergipe em um polo de suco concentrado, em lógica semelhante à observada no interior paulista.
Outro símbolo do gigante do agro sergipano vem das águas. O estado tornou-se o quarto maior produtor de camarão do Brasil ao converter antigas salinas em fazendas de carcinicultura de alta tecnologia. Empresas locais operam milhares de hectares de viveiros, com produção anual estimada em 8.000 toneladas, voltadas principalmente à exportação para Europa e Estados Unidos, atendendo padrões sanitários rigorosos.
No Baixo São Francisco, a produção de arroz irrigado completa o mosaico produtivo. Sistemas de eletrobombas flutuantes garantem captação de água mesmo em períodos de nível baixo do rio, sustentando cerca de 90% da produção estadual. A solução permitiu manter a atividade em uma região historicamente vulnerável às oscilações climáticas.
O futuro do agro sergipano passa ainda por drones, sensores e inovação. Com a regulamentação da pulverização aérea remota, pequenas propriedades passaram a acessar tecnologias antes restritas a grandes áreas. Em paralelo, universidades desenvolvem sensores para monitorar o conforto térmico do gado, enquanto o estado incentiva o retorno do algodão para abastecer a indústria têxtil local.
Pequeno no mapa, Sergipe mostra que eficiência, tecnologia e integração produtiva podem transformar qualquer território em gigante do agro.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Click Petróleo e Gás






